Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fizeram uma carreata pedindo o impeachment do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), na tarde deste sábado, 11, na região dos Jardins, bairro de classe média alta da capital.
De dentro dos seus carros os manifestantes, vários deles usando máscaras cirúrgicas, imitavam armas com as mãos, gritavam "fora Doria" e bordões contra o comunismo como "nossa bandeira jamais será vermelha". Vários veículos levavam bandeiras do Brasil, outros bandeiras de São Paulo. Um deles carregava símbolos do império e outro uma bandeira dos EUA.
O governador, que atrelou sua imagem à de Bolsonaro na eleição de 2018, virou alvo do bolsonarismo depois de adotar uma política de isolamento, seguindo as orientações das autoridades locais (inclusive o Ministério da Saúde) e mundiais em saúde, como estratégia de combate à pandemia do coronavírus.
Além disso, os apoiadores do presidente veem em Doria um possível adversário de Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022.
Procurado, o governo de São Paulo informou que "respeita o direito à livre expressão de todos que desejam participar de manifestações no Estado" mas reiterou que "o isolamento social é essencial para diminuir os casos e mortes de covid-19, de acordo com a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Ministério da Saúde".
Na região da Rua Estados Unidos, havia apenas duas pessoas acompanhando a manifestação na calçada. Uma delas era a publicitária Marisa Fonseca, de 57 anos, que mora na vizinhança. "Moro ali na esquina. Desci para comprar cigarro e aproveitei para vir aqui. O Doria em plena epidemia só pensa nele mesmo. Não estou falando que as medidas não têm que ser respeitadas, mas o cara está brigando com o Bolsonaro, não com a epidemia", disse ela.
A outra pessoa na calçada era o vendedor ambulante Gilmar de Oliveira, que vendia bandeiras do Brasil a R$ 20 para os participantes da carreata. "Foram umas 50. Bolsonaro vende", disse ele.
A reportagem contou ao menos 70 carros na manifestação. Em vários deles os ocupantes eram pessoas aparentando ter mais de 60 anos, integrantes do grupo de risco da pandemia.
Era o caso do homem que acompanhava Marisa Barros, que se identificou como embaixadora de um movimento de direita. Ele disse ter 72 anos. Questionado se não deveria estar em casa, respondeu que não. "Tenho boa saúde", justificou.
Enquanto a carreata passava, outros motoristas e moradores de prédios vizinhos se manifestaram contra os participantes aos gritos de "fora Bolsonaro" e "fica em casa".
Apesar do isolamento, a carreata tumultuou o trânsito da região. O militar da reserva Juarez Conceição chegou a fechar o tráfego na esquina da Rua Estados Unidos e Bela Cintra para permitir que os manifestantes passassem.
"Comunismo aqui não! Estamos pelo Brasil", gritava ele.