O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar as políticas de contenção à proliferação do novo coronavírus, defendidas por governadores brasileiros, em especial, a recomendação de quarentena. Em entrevista à Rede TV! nesta segunda-feira (30), ele afirmou: "Não se pode impor isolamento como alguns Estados fizeram de forma quase eterna".
"Parece que há interesse por parte de alguns governadores de inflar o número de vitimados do vírus. Daria mais respaldo para eles, para justificar as medidas que tomaram", defendeu Bolsonaro. Para o mandatário, há restrições a uma "quarentena maior que está aí porque esse pessoal vai ter dificuldade para sobreviver". Ele disse tratar da doença, da preservação da vida e do emprego simultaneamente.
"O que o povo mais pede é para voltar a trabalhar", disse Bolsonaro, relatando a conversa que teve com populares durante visita feita à Ceilândia (DF), no domingo. Segundo Bolsonaro, que desconsiderou as recomendações de isolamento defendidas pelo Ministério da Saúde, não houve nada preparado da parte dele para que houvesse gente na rua no domingo.
Congresso
Na entrevista, o presidente disse que o Congresso tem cooperado com o governo neste momento de crise causada pelo alastramento do novo coronavírus, apesar de "alguns problemas" na relação entre governo e Parlamento. Em referência à aprovação pelo Senado Federal do auxílio de R$ 600 para autônomos e informais, Bolsonaro disse que o valor ajuda, "mas é aquém do que (as pessoas) necessitam".
"Alguns problemas com relação ao Congresso não são de agora, vão desde quando eu assumi o governo, assim como com alguns governadores. Mas hoje o Congresso deu mais uma prova de que não existe diferença: o Senado aprovou um abono de R$ 600 para os informais. O Congresso também aprovou o estado de calamidade, ele tem sua participação", disse o presidente.
Apesar da aprovação do auxílio aos informais, cujo impacto fiscal deve ficar em R$ 15 bilhões ao mês, Bolsonaro disse que mantém a preocupação com a possibilidade de um crescimento no número de desempregados. "A questão do emprego é uma preocupação nossa", disse. Segundo o presidente, há necessidade de "afrouxamento" na quarentena que vem sendo promovida em alguns Estados, como Rio de Janeiro e São Paulo.
"A maioria da população não tem com ficar em casa mais, tem que ser afrouxada alguma coisa, paulatinamente, para que o desemprego não aumente. O dano causado pelo desemprego vai ser muito pior do que o dano causado pelo vírus", argumentou Bolsonaro.
O presidente afirmou que se a Covid-19 fosse algo "terrivelmente mortal" para ele, talvez não estivesse na rua. "O H1N1 foi muito mais terrível e não trouxe esse pânico para nós." Em seguida, lembro do atentado em Juiz de Fora e disse: "Se o vírus pegar em mim, não vou sentir quase nada". De acordo com o presidente, a estimativa é de que pelo menos 60% da população vai contrair o vírus. "O que o governo está tentando fazer é que nem todos peguem ao mesmo tempo", disse.
Penitenciárias
Segundo o presidente, foi "equivocada" a decisão do TSJ de liberar provisoriamente presos no grupo de risco da doença. "Se depender de mim, não soltaria ninguém", disse Bolsonaro. "Estão mais protegido lá dentro. Têm comida, foram proibidas as visitas", afirmou