BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a atacar nesta quinta-feira, 21, de forma indireta, a atuação de governadores no combate à pandemia do novo coronavírus. Ao ouvir críticas de um apoiador, em frente ao Palácio da Alvorada, sobre a fiscalização da quarentena em Fortaleza, no Ceará, Bolsonaro respondeu ser preciso "tomar conhecimento do que está acontecendo para entender para onde o Brasil estava indo com essas pessoas".
"Imaginem uma pessoa do nível dessas autoridades estaduais na Presidência da República, o que teria acontecido com o Brasil", afirmou o presidente. "Vocês vão ter que sentir um pouco mais na pele quem são essas pessoas para, juntos, a gente mudar o Brasil. Mudar, à luz da Constituição, da lei, da ordem", declarou o presidente nesta manhã em resposta ao apoiador, que relatou um suposto recolhimento de bandeiras durante uma carreata pró-governo que furou medidas de isolamento na capital cearense.
Nesta quinta-feira, Bolsonaro participa de uma videoconferência com governadores e ministros. O encontro, como mostrou o Estadão, ocorrerá em clima de desconfiança. Na pauta da reunião estão a sanção do projeto de socorro aos Estados e municípios e o veto ao trecho sobre o reajuste salarial para servidores públicos até 2021.
O encontro é o primeiro do tipo, com todos os governadores, desde o início da epidemia do novo coronavírus e marca uma tentativa de reaproximação do presidente com os chefes estaduais. Bolsonaro tem criticado as medidas de fechamento e distanciamento social adotadas pelos governadores no combate à covid-19. Segundo revelou a Coluna do Estadão, contudo, a polêmica sobre o isolamento social deve ser deixada de lado na reunião.
O presidente quer buscar um acordo com os governadores sobre o veto a possibilidade de reajuste dos salários dos servidores até 2021. O prazo para sancionar o projeto de socorro aos Estados acaba no dia 27.
Além dos chefes estaduais, participam do encontro virtual os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e os ministros: Paulo Guedes (Economia), Fernando Azevedo (Defesa), Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Jorge Oliveira (Secretaria-Geral).