O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar governadores nesta quinta-feira, 2. Em transmissão ao vivo da sua chegada ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro citou as medidas de restrição adotadas por chefes estaduais e criticou, em especial, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
"Eles (governadores) acabaram com o comércio. O Doria acabou com o comércio na estrada. Não pediu para mim, não veio conversar comigo, para fazer aquela loucura", declarou. Segundo Bolsonaro, o "remédio" de Doria contra a crise foi super dosado e se tornou um "veneno". "Ele tem que ter uma fórmula agora de começar a desfazer o que ele fez de excesso há pouco tempo. Não vai cair no meu colo essa responsabilidade", declarou o presidente.
Na conversa com apoiadores, o presidente retomou o discurso indicando que os brasileiros quebrem o isolamento social e voltem ao trabalho. "A segunda onda que vem em função do desemprego vai ser terrível", declarou.
O presidente afirmou ainda que a arrecadação do ICMS "acabou" e por isso os Estados terão dificuldade em pagar a folha de pagamentos nos próximos meses. Ele destacou que desde o início tem "apanhado" dos governadores por seu posicionamento.
"Tem uma ponte que foi destruída, que é a roda da economia, que é o desemprego proporcionado por alguns governadores", disse. Bolsonaro fez questão de enfatizar que sua declaração se referia a chefes estaduais específicos: "Em especial de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina. E se eu não me engano, Rio Grande do Sul prorrogou (restrições) por mais 30 dias".
O líder do Executivo sugeriu ainda que há uma competição entre os governadores para ver quem toma mais medidas de restrição. Ele criticou os chefes estaduais por não irem às ruas falar com o povo. "Duvido que um cara desses, um governador desses, um Doria da vida, um (Carlos) Moisés (governador de Santa Catarina), vai no meio do povo. Vai nada. 'Tá' com medinho de pegar vírus?".
"Desconheço qualquer hospital que esteja lotado"
Na mesma live, Bolsonaro afirmou que desconhece hospitais lotados no Brasil por conta da covid-19. "Eu desconheço qualquer hospital que esteja lotado. Desconheço. Muito pelo contrário", afirmou para apoiadores na frente do Palácio da Alvorada. O presidente citou caso de hospital no Rio de Janeiro para exemplificar sua opinião: "Tem um hospital no Rio de Janeiro, um tal de Gazolla (Hospital Municipal Ronaldo Gazolla), que se não me engano tem 200 leitos, só tem 12 ocupados até agora". Bolsonaro justificou que o Brasil é um caso "diferente".
Nesta quinta-feira, o País registrou 299 mortes por covid-19 e 7.910 casos confirmados. Em todo o mundo, são cerca de 37 mil mortes e mais de 783 mil casos confirmados, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). "O vírus é uma coisa que 60% (da população) vai ter ou 70%", declarou Bolsonaro.
O presidente reforçou o posicionamento contra o isolamento social. Ele destacou que desde o começo defendeu que a população "não pode deixar de trabalhar" em meio a crise. "A segunda onda que vem em função do desemprego vai ser terrível", declarou. Segundo ele, o País ainda terá "muita tormenta", mas sairá "muito mais forte" da crise.
Já o vice-presidente, Hamilton Mourão, voltou defender nesta quinta-feira, 2, a manutenção da política de isolamento social para achatar a curva da propagação do novo coronavírus em abril, quando deve acontecer o pico da pandemia no Brasil.