BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (26), que a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, foi um "divórcio consensual". Em pronunciamento no Palácio do Planalto ao lado do escolhido para assumir a pasta, o oncologista Nelson Teich, o presidente afirmou que Mandetta não tratou a crise relacionada à pandemia do coronavírus da forma como ele gostaria.
Segundo o presidente, na conversa em que comunicou o ministro de sua demissão, Mandetta se colocou à disposição para auxiliar na transição. "Foi realmente um divorcio consensual", disse o presidente.
Em mensagem no Twitter em que anunciou sua demissão, Mandetta agradeceu a oportunidade de gerenciar o Sistema Único de Saúde (SUS) e planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus. "Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país", postou.
Desde o início da crise do coronavírus, Mandetta e presidente vinham se desentendendo sobre a melhor estratégia de combate à doença. Enquanto Bolsonaro defende flexibilizar medidas como fechamento de escolas e do comércio para mitigar os efeitos na economia do País, permitindo que jovens voltem ao trabalho, o agora ex-ministro manteve a orientação da pasta para as pessoas ficarem em casa. A recomendação do titular da Saúde segue o que dizem especialistas e a Organização Mundial de Saúde (OMS), que consideram o isolamento social a forma mais eficaz de se evitar a propagação do vírus.
Os dois também divergiram sobre o uso da cloroquina em pacientes da covid-19. Bolsonaro é um entusiasta do medicamento indicado para tratar a malária, mas que tem apresentado resultados promissores contra o coronavírus. Mandetta, por sua vez, sempre pediu cautela na prescrição do remédio, uma vez que ainda não há pesquisas conclusivas que comprovem sua eficácia contra o vírus.