Bolsonaro manda general liberar cloroquina por decreto

Eduardo Pazuello é alçado a chefe interino do Ministério da Saúde após demissão de Nelson Teich

15 mai 2020 - 18h30
(atualizado às 18h37)
Presidente Jair Bolsonaro ajusta máscara ao deixar o Palácio da Alvorada, em Brasília
13/05/2020
REUTERS/Adriano Machado
Presidente Jair Bolsonaro ajusta máscara ao deixar o Palácio da Alvorada, em Brasília 13/05/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

RASÍLIA - Alçado a chefe interino do Ministério da Saúde nesta sexta-feira (15), o general Eduardo Pazuello deve assinar o novo protocolo da pasta que libera o uso da cloroquina até mesmo em pacientes com sintomas leves da covid-19. A medida é uma determinação do presidente Jair Bolsonaro, que o oncologista Nelson Teich se recusou a cumprir. Atualmente, a orientação é para profissionais do sistema público de saúde prescrever a substância apenas em casos mais graves.

A expectativa de técnicos do ministério é a de que os critérios sejam apresentados já na próxima semana, mesmo sem que Bolsonaro tenha escolhido o substituto de Teich. A recomendação da substância foi o centro da divergência entre o presidente e o ministro demissionário.

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Diante do impasse sobre a cloroquina, Teich chegou a propor a Bolsonaro um mega estudo, de autoria da própria pasta, para definir novas diretrizes sobre a recomendação da substância no combate ao novo coronavírus. As análises serão realizadas, mas o presidente cobrou urgência. A "demanda" foi apresentada a Teich na quinta-feira.

O protocolo avalizado por Pazuello deverá ser baseado na resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM). Em abril, a entidade liberou a aplicação da substância em pacientes com sintomas leves, mas ressaltou que a decisão foi tomada "sem seguir a ciência", apenas para encerrar a polarização em torno do medicamento.

Com a decisão, médicos estão autorizados a prescrever o medicamento. No entanto, não há um protocolo de distribuição do remédio para que pacientes possam ter acesso à droga no sistema público. As diretrizes também poderão especificar dosagens a serem administradas.

Hoje, protocolos do Ministério da Saúde recomendam o medicamento para pacientes em ambiente hospitalar e em estado moderado ou grave. A hidroxicloroquina pode causar efeitos colaterais graves, como parada cardíaca.

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Eduardo Pazuello sentou-se ao lado de Nelson Teich durante o pronunciamento em que o agora ex-ministro anunciou sua saída, na tarde desta sexta-feira. No discurso, o médico não abordou os motivos que o levaram a anunciar a se demitir, mas deixou claro que foi uma escolha sua.

Antes de assumir o cargo de secretário executivo do ministério, o general coordenou a Operação Acolhida, que tratou da interação com refugiados venezuelanos na fronteira com Roraima. É o principal entre vários militares escalados pelo governo para acompanhar Teich na pasta após a demissão de Luiz Henrique Mandetta. O presidente ainda não anunciou o sucessor de Teich.

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