Bolsonaro: Meu Exército não vai obrigar o povo ficar em casa

Declaração ocorre após alguns Estados determinarem o fechamento do comércio para reduzir a circulação de pessoas

8 mar 2021 - 13h43
(atualizado às 13h52)

O presidente Jair Bolsonaro criticou as novas medidas de isolamento adotadas por Estados e municípios para conter a propagação da covid-19 e descartou a possibilidade de decretar um lockdown nacional. "Alguns querem que eu decrete lockdown, não vou decretar e pode ter certeza de uma coisa, o meu Exército não vai para a rua obrigar o povo a ficar em casa", disse Bolsonaro em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada.

Presença do presidente Bolsonaro e Comitiva de Ministros e Deputados, durante a formatura do novos Paraquedistas da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército
Presença do presidente Bolsonaro e Comitiva de Ministros e Deputados, durante a formatura do novos Paraquedistas da Brigada de Infantaria Paraquedista do Exército
Foto: Cláudio Marques/Futura Press

A declaração de Bolsonaro ocorre após Estados como São Paulo, Pará e o Distrito Federal determinarem o fechamento de comércio e de escolas para reduzir a circulação de pessoas, forma mais eficaz de se evitar a propagação do vírus. O presidente, porém, critica as medidas por entender que prejudica a economia do País, o que coloca em risco seu plano de reeleição em 2022. Em declaração na semana passada, disse ser preciso "enfrentar o problema de peito aberto" e parar de "mimimi" e de "frescura".

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Desde então, o Brasil vem acumulando recordes de mortes diárias por covid-19. A média móvel diária de óbitos no Brasil ficou em 1.497 ontem, 7, segundo dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa. O índice leva em consideração os números dos últimos sete dias e atingiu o maior patamar de toda a pandemia pelo nono dia consecutivo. Nas últimas 24 horas, o País registrou 1.054 novas mortes pela doença.

Como mostrou o Estadão, cientistas e autoridades da área de saúde e do governo dos Estados Unidos veem o Brasil como uma ameaça para o mundo por causa do descontrole da propagação da nova variante do Sars-cov-2 no País. "Eu quero paz, tranquilidade, democracia, respeito às instituições, mas alguns estão se excedendo", disse Bolsonaro aos apoiadores. "O povo vai se conscientizar do que precisa ser feito. Na hora certa, tudo vai acontecer."

O presidente da República citou o auxílio emergencial, pago a trabalhadores informais e desempregados, como o "maior projeto social do mundo". O governo se prepara para lançar uma nova rodada do benefício em 2021. "Parece que está voltando a onda de lockdown", disse Bolsonaro, pressionado pelo avanço da doença e pela falta de vacinas para a população. "Vamos ver até onde o Brasil aguenta esse estado de coisas."

Mais uma vez, ele evitou se responsabilizar pelo quadro da covid-19 no País. "Não cobre de mim. Se eu fosse o dono de tudo aqui, seria o que chamam de ditador."

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