O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou as redes sociais na manhã desta quarta-feira, 20, para anunciar que um novo protocolo sobre o uso da cloroquina em pacientes com covid-19 será lançado ainda nesta quarta-feira, 20, pelo Ministério da Saúde. Bolsonaro tem defendido o uso do remédio em estágios iniciais da doença desde o começo de abril, o que provocou conflitos com governadores e ministros.
O presidente escreveu: "Dias difíceis. Lamentamos os que nos deixaram. Hoje teremos novo protocolo sobre a Cloroquina pelo Ministério da Saúde. Uma esperança, como relatado por muitos que a usaram. Que Deus abençoe o nosso Brasil."
A insistência de Bolsonaro pelo uso da droga para o tratamento da covid-19 tem provocado mal-estar dentro de sua própria equipe. O pedido de demissão de Nelson Teich, por exemplo, teve como estopim a ordem do presidente para que o general Eduardo Pazuello - então secretário executivo da pasta e atualmente ministro interino - assinasse um decreto liberando o uso do remédio para todos os pacientes infectados pelo novo coronavírus.
O presidente já havia anunciado na terça-feira, em entrevista ao jornalista Magno Martins, que o novo protocolo sobre a cloroquina seria liberado nesta quarta, Durante a entrevista, Bolsonaro brincou com o tema, repetindo diversas vezes durante a transmissão que: "Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, Tubaína."
Apesar da aberta defesa do presidente, os efeitos da cloroquina no tratamento ao novo coronavírus ainda não têm comprovação científica. Três dos principais médicos e pesquisadores que têm se dedicado nos últimos meses ao estudo e tratamento da doença no Brasil afirmaram ao Estadão, de forma unânime, que ainda não existem testes que comprovem a eficácia do medicamento no tratamento da covid-19.
Secom comemora pacientes curados
Também durante a manhã desta segunda, uma publicação institucional da Secretaria de Comunicação comemorou a marca de 100 mil pessoas recuperadas do novo coronavírus. De acordo com os dados oficiais, já são 100.459 pessoas que contraíram a doença, mas conseguiram reverter o quadro.
A secretaria ainda criticou a cobertura sobre os mortos na pandemia. "Enquanto muitos focalizam a morte, o Governo do Brasil trabalha pela vida e celebra a vida", diz a publicação.
A postagem da Secom vem um dia depois do País ultrapassar pela primeira vez a marca de 1 mil mortos em um dia. Já são quase 18 mil mortos pela doença desde o início da pandemia no Brasil.