Bolsonaro sobre Ernesto Araújo: "Quem demite sou eu"

Presidente rechaça pressões pela troca do chanceler, que enfrenta críticas devido aos diversos embates travados com a China

21 jan 2021 - 19h18
(atualizado às 19h37)

O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta quinta-feira, 21, a permanência do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, no governo. Ele voltou a repetir que "quem demite" ministro é ele e rechaçou pressões pela troca do chanceler, que enfrenta críticas devido aos diversos embates travados com a China ao longo dos últimos dois anos e que agora inviabilizam sua participação nas negociações para a compra de insumos destinados à produção da vacina contra o novo coronavírus. Na visão do presidente, a política externa do seu governo está "excepcional".

Bolsonaro afirmou que as notícias de que a China teria pedido a substituição do chanceler são inverdades. "Quem demite ministro sou eu. Ninguém procurou nem ousaria me procurar no tocante a isso. Assim como nós não faríamos com nenhum país do mundo. Eu procurar outro país qualquer e falar: 'Esse ministro teu, presidente, primeiro-ministro, tem que ser demitido'. E jamais outro país faria isso conosco também", disse.

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O presidente Jair Bolsonaro em live com os ministros Ernesto Araújo e Tarcísio Freitas
O presidente Jair Bolsonaro em live com os ministros Ernesto Araújo e Tarcísio Freitas
Foto: Reprodução / Youtube / Estadão Conteúdo

O ministro participou da live semanal e foi instado pelo presidente a comentar as especulações sobre sua demissão. "Exato, presidente. Isso não existe entre países soberanos, isso é uma invenção completa. Não sei por que tem gente que quer ver uma crise, quer criar invenções que não existem. Pessoas inventam uma coisa, e aí quando vem a realidade e desmente, em vez de alterar sua percepção da realidade, continua insistindo, redobrando a mentira", afirmou.

Três ministros participaram ontem de reunião com representantes da embaixada da China no País para tratar dos insumos: Teresa Cristina (Agricultura), Fabio Faria (Comunicações) e Eduardo Pazuello (Saúde). Ernesto não, embora fosse da sua atribuição. Bolsonaro não justificou o porquê da ausência do ministro.

O Estadão apurou que o governo vai deixar o ministro na geladeira quando o assunto for China. O presidente não vai demiti-lo porque não quer parecer que está cedendo para a imprensa. "O governo vai muito bem, nossa política externa tá excepcional. Nunca fui tão bem recebido, ao longo desses dois últimos anos, em todas as viagens que fiz para o exterior", afirmou.

Da mesma forma, deve manter no cargo o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, apesar das críticas à condução dele neste momento de agravamento da crise sanitária, incluindo o colapso do sistema hospitalar em algumas cidades.

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Com a pandemia, decretada oficialmente em março do ano passado, o presidente deixou de fazer viagens internaiconais. Na fala, ele ignorou as diversas crises com vários países, como seus embates públicos com o presidente da França, Emanuel Macron, e as dificuldades na relação com o novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden

Bolsonaro voltou a atacar a imprensa por contradizer seu discurso e a defender o uso de medicamentos sem eficácia comprovada para a covid-19. "Você não quer tomar, não toma. Não fica enchendo o saco", disse. O presidente também afirmou que a vacina não deve ser obrigatória e que ainda discute com sua família se irá vacinar sua mãe, que tem mais de 80 anos, voltando a colocar em dúvida a eficácia dos imunizantes.

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