Bolsonaro vê "guerra ideológica e de poder" por cloroquina

"Se o pessoal me ajudasse um pouquinho, não me atrapalhasse, o Brasil ia embora", afirmou o presidente, sem citar nomes

9 abr 2020 - 10h34
(atualizado às 12h55)
Bolsonaro chega ao Palácio da Alvorada 8/4/2020 REUTERS/Adriano Machado
Bolsonaro chega ao Palácio da Alvorada 8/4/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 9, que existe uma "guerra ideológica" em torno da discussão sobre o uso da cloroquina para o tratamento de pacientes com covid-19. Ontem, em pronunciamento em rede nacional, Bolsonaro reforçou seu posicionamento a favor do medicamento, cujo uso contra o coronavírus ainda está em estudo.

"Isso é uma guerra ideológica em cima disso, guerra de poder. Se o pessoal me ajudasse um pouquinho, não me atrapalhasse - não estou me refiro a A, B ou C -, o Brasil ia embora", disse o presidente para um grupo de apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

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Bolsonaro voltou a mencionar o médico cardiologista Roberto Kalil Filho, que admitiu ter usado a droga em seu tratamento contra o novo coronavírus. No pronunciamento de quarta à noite, Bolsonaro já havia elogiado Kalil. Mas o próprio presidente lembrou que a droga não tem eficácia comprovada. "Tem médico que usa. Tá usando tem quase dois meses. A gente sabe que não está ainda comprovado cientificamente, mas...", disse sem completar a frase.

O presidente citou novamente a suposta administração de água de coco na veia de soldados feridos na Segunda Guerra Mundial para justificar o uso da hidroxicloroquina em pacientes da covid-19. "Eu contei uma história bacana da guerra no Pacífico. O soldado chegava sem sangue e não tinha transfusão, não tinha outro para doar. Então, o pessoal lá botou água de coco na veia e deu certo. Serviu como soro, imagina se fosse esperar uma comprovação científica, quantos não morreriam? Aqui a mesma coisa", disse.

Na mensagem à população nesta quarta-feira, Bolsonaro mencionou que o País deve receber até este sábado, 11, matéria-prima vinda da Índia para ser usada na produção da hidroxicloroquina. O material que chegará ao Brasil, segundo Bolsonaro, é fruto de uma "conversa direta" dele com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

Hoje em suas redes sociais, o presidente agradeceu o primeiro-ministro indiano, destacando que ele fez "um gesto honroso que poderá ajudar a salvar a vida de muitos brasileiros, e do qual jamais esqueceremos".

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A hidroxicloroquina já tem protocolo de uso aprovado pelo Ministério da Saúde para casos graves e moderados da covid-19. O ministro da pasta, Luiz Henrique Mandetta, tem ressaltado, contudo, que se trata de uma substância que ainda não foi devidamente testada, com contraindicações e que deve ser ministrada apenas pelo médico em casos específicos.

Nesta semana, Mandetta afirmou que a pasta acompanha estudos clínicos sobre a eficácia de medicamentos contra o novo coronavírus, entre eles, a cloroquina e a hidroxicloroquina. Os primeiros resultados científicos, contudo, só devem ser conhecidos a partir do próximo dia 20.

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