O governo brasileiro vai iniciar um segundo protocolo de testes clínicos do medicamento nitazoxanida contra a Covid-19, dessa vez em pacientes que estão no início da infecção ou naqueles assintomáticos, mas que tiveram resultado positivo para o coronavírus, informou nesta terça-feira, 19,
o ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.
A pesquisa com o medicamento, um antiparasitário, foi iniciada em abril depois que testes em laboratório teriam revelado eficácia de 94% contra o novo coronavírus. Testes clínicos começaram a ser feitos com 500 pacientes, em 17 hospitais, mas apenas em casos mais avançados da doença.
Um outro protocolo de pesquisa será aberto agora, também com 500 pacientes, mas para uso na fase inicial da Covid-19, a doença respiratória provocada pelo novo coronavírus.
"Em relação ao novos testes, o protocolo em andamento é o paciente que tem pneumonia, tosse e febre. O novo protocolo é o paciente sem sintomas que testou positivo ou sintomas muito precoces", disse Marcelo Morales, secretário de Políticas para Formação é Ações Estratégicas do Ministério.
A intenção, completou, é verificar se o medicamento, que já foi usado como antiviral em outras ocasiões, é capaz de evitar a replicação do vírus que causa o que os médicos chamam de "tempestade inflamatória" e leva ao agravamento da doença.
A nitazoxanida é um medicamento comum no Brasil, usado como vermífugo, e que não tinha venda controlada nas farmácias. Para evitar o que aconteceu com a cloroquina, que desapareceu das prateleiras quando o presidente Jair Bolsonaro começou a falar da possibilidade de ser usada contra a Covid-19, o ministério determinou o controle da venda antes de divulgar o nome do medicamento pesquisado.
Segundo Marcos Pontes, as pesquisas estão sendo acompanhadas por uma comissão e os resultados obtidos só serão divulgados quando a pesquisa estiver terminada.
"Estou numa expectativa muito grande desses testes, é um medicamento simples, que não tem feitos colaterais", disse.
Apesar do avanço com a nitazoxanida, o presidente Jair Bolsonaro ainda tem dado preferência à cloroquina, apesar dos estudos até agora, tanto no Brasil como no exterior, não terem trazido resultados positivos.
A mudança no protocolo de uso do remédio, para ser aplicado no início dos sintomas, foi a causa do pedido de demissão do ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, que se recusou a adotá-lo. Sem o ministro no caminho, o seu interino, general Eduardo Pazuello, deve apresentar em breve a Bolsonaro o novo protocolo com o uso da cloroquina associada a azitromicina. A intenção é já ter a autorização publicada quando o presidente apontar um novo ministro da Saúde.