Até agosto, 17,9 milhões de pessoas, 8,5% da população, haviam feito o teste de diagnóstico para saber se estavam infectadas pelo novo coronavírus (covid-19) no Brasil. Destas, 21,6%, o equivalente a 3,9 milhões de pessoas, testaram positivo.
Segundo a coordenadora da pesquisa, uma maior disponibilidade de testes e, consequentemente, um maior acesso a eles por parte da população podem justificar o aumento no número de pessoas que estão fazendo o exame. “Como a pandemia não acabou, é natural que aumente esse número, inclusive entre as pessoas que não tiveram sintomas, mas que tiveram contato com alguém que teve covid-19 e fizeram o teste para se certificar”, explicou.
De acordo com o IBGE, o percentual de realização dos testes para diagnóstico da doença é maior entre as pessoas com rendimentos mais altos, chegando a 21,7% no grupo de rendimento domiciliar per capita acima de quatro salários mínimos e ficando abaixo de 5% entre as pessoas que ganham até meio salário mínimo.
“Quem tem condições de fazer o exame para descartar a possibilidade [de estar com a doença] já faz nos laboratórios. Não existem indícios de que há mais contaminação entre os que têm mais renda, mas a gente tem mais pessoas fazendo o teste entre aqueles que possuem mais renda”, disse a pesquisadora.
A pesquisa aborda três tipos de testes: o Swab, exame em que o material é coletado com cotonete na boca e/ou nariz; o teste rápido com coleta de sangue por um furo no dedo; e o exame com sangue retirado na veia do braço. Dos 17,9 milhões de pessoas que fizeram o teste, 6,9 milhões fizeram Swab e, desses, 25,2% testaram positivo.
O Distrito Federal (19,4%) foi a unidade da federação com maior percentual de testes realizados, seguido por Piauí (14,4%) e Roraima (12%). “Dos 19,4% que fizeram o teste no Distrito Federal, só 4,1% testaram positivo. Então esse dado mostra que mais pessoas estão fazendo o teste do que, de fato, recebendo o diagnóstico da doença”, disse Maria Lucia.
Pernambuco (5,8%), Acre (6%) e Minas Gerais (6,1%) registraram os menores percentuais de realização de testes.
Apesar do aumento no número de pessoas que fizeram os testes, o contingente daqueles que relataram ter algum sintoma de síndromes gripais diminuiu. Em maio, 24 milhões de pessoas afirmavam ter algum dos sintomas abordados pela pesquisa, como tosse, febre e dificuldade para respirar. Em agosto, esse número caiu para 12,1 milhões, o que representa 5,7% da população.
“Agora, as pessoas que tiveram contato com outras que estiveram doentes têm mais oportunidades de tirar a prova para saber se também foram contaminadas ou não. Então tem muita gente que fez o teste sem apresentar sintoma nenhum”, informou Maria Lucia.