"Brasil quer vacina, não comitê", diz Doria sobre Bolsonaro

Governador paulista classificou pronunciamento do presidente como "farsa"; ideia é criar comitê de atuação conjunta entre os Poderes

24 mar 2021 - 15h01
(atualizado às 15h04)

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reagiu com novas críticas ao presidente Jair Bolsonaro diante das notícias, da manhã desta quarta-feira, 24, sobre a criação de um comitê para coordenar as ações de combate ao coronavírus no Brasil. Doria chamou a proposta de "comitê de adulação" ao presidente que não seria "confiável", e destacou que São Paulo, estado com a maior população do País, não foi chamado para a composição deste grupo.

João Doria, governador de São Paulo, posa com a chegada de doses de CoronaVac
João Doria, governador de São Paulo, posa com a chegada de doses de CoronaVac
Foto: Mister Shadow/Asi / Estadão Conteúdo

"Este comitê não nos representa. Não fomos convidados e aquilo que representa a saúde e a necessidade de proteção à vida dos brasileiros de São Paulo deve ser tratado com o governador do Estado de São Paulo, e não com representante", disse Doria. "O Brasil quer vacinação, não quer comitê de adulação", complementou, depois, em um sinal de que o eventual comitê pode nascer esvaziado.

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O comitê teve a criação anunciada na manhã desta quarta em Brasília, após uma reunião que contou com o presidente, 23 ministros, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux e cinco governadores de Estado tidos como aliados de Bolsonaro, um de cada região do País. Da região Sudeste, compareceu Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais.

Além de desqualificar o comitê, Doria também fez críticas ao pronunciamento de Bolsonaro feito em cadeia nacional de TV na terça-feira para tratar da epidemia. O pronunciamento sinalizou mais uma mudança de tom do presidente em relação à crise.

"Para quem, como eu e como milhões de brasileiros, assistiu àquela farsa daquele depoimento do presidente Jair Bolsonaro ontem na televisão com mentiras, inverdades e disfarçando, até mesmo com uma máscara que nunca utilizou, não é confiável a realização de um comitê que exclui governadores que estão trabalhando para proteger vidas e defender o distanciamento social, o isolamento quando for necessário, o uso de máscaras, a aplicação de vacinas e o não uso de cloroquina", afirmou o governador paulista.

Ao anunciar a criação do comitê, o presidente não fez referência à cloroquina, mas mais uma vez citou o "tratamento precoce" como ação para enfrentar a covid-19.

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