Com a explosão de infecções e o colapso do sistema de saúde nas últimas semanas, o novo coronavírus já fez mais vítimas no Brasil em 2021 do que em todo o ano passado. De janeiro até ontem, foram 195.949 mortes pela doença, ante 194.976 em 2020. No total, são 390.925 óbitos - o segundo maior país com mais perdas.
Neste domingo, 25, foram registradas 1.316 mortes nas últimas 24h, segundo o consórcio de imprensa formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL, que reúne dados das 27 secretarias estaduais de Saúde. O País registrou na última semana ligeira redução na média de mortos pela covid, mas ainda e patamar elevado, perto de 2,5 mil registros. Especialistas temem que o recente relaxamento das restrições estenda o período agudo da crise sanitária e imponha nova pressão sobre os hospitais. Redes de saúde em várias regiões têm sofrido com mortes de pacientes na fila por leitos, falta de remédios do kit intubação e irregularidade no abastecimento de oxigênio.
São Paulo, Rio e Belo Horizonte são algumas das regiões que afrouxaram medidas nos últimos dias. Já o presidente Jair Bolsonaro, que adotado postura negacionista e ataca o lockdown, chegou a dizer na última sexta que as Forças Armadas poderiam ir às ruas para acabar com "essa covardia de toque de recolher". Bolsonaro chegou a acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) contra regras do tipo, mas a ação não foi acolhida.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, falou anteontem em queda de casos, fez defesa do uso de máscaras, mas evitou sair em defesa do lockdown. "Temos assistido nos últimos dias a uma tendência de redução de diagnósticos de pacientes com covid, como consequência, a diminuição na pressão do sistema de saúde, o que consequentemente nos dá diminuição de pressão de insumos, como kit intubação e oxigênio."
Na negociação do Orçamento, o Ministério da Economia limitou verbas para vacinas, kit intubação e custeio de leitos pedidas pela Saúde, como mostrou o Estadão. A pasta de Paulo Guedes questionou sobre "arrefecimento da crise" - especialistas, porém, ainda não veem queda consistente de casos.
O ritmo de vacinação, por outro lado, continua lento. Anteontem, o Ministério da Saúde apresentou um cronograma com 31% menos doses de imunizantes para maio. A redução, entre outros motivos, se deu pela retirada do plano oficial das vacinas russa Sputnik V e da indiana Covaxin, que ainda não têm registro no Brasil. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se reúne nesta segunda-feira, 26, para decidir se autoriza a importação da Sputnik.
Na semana passada, o órgão regulador alegou falta de dados sobre a segurança e a eficácia do produto para liberar a aquisição. A manifestação foi feita na Justiça, após o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, dar prazo para que a autarquia decida sobre pedido de compra pelo governo do Maranhão. Outros gestores locais - como os da Bahia, do Piauí e um consórcio de Estados do Centro-Oeste - têm interesse em trazer o produto.
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