O número crescente e alarmante de mortes em Nova York por causa do novo coronavírus tem deixado seus moradores em estado de alerta. O carioca Marco DaCosta, 54 anos, vive nos EUA há mais de duas décadas e cumpre a quarentena no Bronx, região populosa e de maior concentração de latinos na cidade. Para ele, há uma apreensão inegável com a recente escalada de óbitos, muito embora, ressalte, isso já estivesse no radar dos nova-iorquinos.
Somente entre as tardes de terça (7) e quarta (8), o Estado de Nova York registrou 779 mortes em razão da covid-19 – a grande maioria delas na cidade cosmopolita de Nova York.
“Claro que existe um ar de incerteza aqui e isso se agrava com a quantidade de gente que vem perdendo a vida diariamente. Por outro lado, há muita confiança nas autoridades locais, que atuam integradas. O governador Andrew Cuomo e o prefeito Bill de Blasio são adversários políticos. Mas, neste momento, estão unidos no combate à pandemia. Eles já antecipavam que a segunda semana de abril seria dramática”, diz Marco, que presenciou o ataque às torres gêmeas em 11 de setembro de 2001.
“Desde então, houve um preparo gradativo nos EUA para uma possível guerra biológica. De certo modo, a chegada da covid-19 ativou protocolos que estavam reservados para essas eventualidades.”
DaCosta trabalhava até três semanas atrás no setor de logística da American Airlines, no Aeroporto JFK, um dos principais do país. Ele pediu demissão para não se expor ao coronavírus – está no grupo de risco por sofrer de diabetes. “Decidi me antecipar e deixei o emprego. Era muito arriscada a minha função, eu tinha de entrar nas aeronaves de voos internacionais.”
No local onde mora, há regras bem claras para todos. No máximo, duas pessoas podem usar o elevador ao mesmo tempo. Na porta das farmácias e dos supermercados do bairro, ele conta, há sinalizações no chão para demarcar o distanciamento de dois metros entre as pessoas que esperam a vez de serem atendidas.
Em sua análise, o maior problema com relação a brasileiros e outros imigrantes nos EUA, em decorrência da pandemia, é a condição de ilegalidade de uma parcela considerável dessas pessoas. “Não têm direito a auxílio do governo e estão em casa sem trabalhar.”
Na cidade de Nova York, a prefeitura passou a destinar entre US$ 300 e 400 mensais para compra de alimentos a quem passa necessidades – no caso, somente para residentes, documentados.