Em resposta às denúncias de municípios de 15 Estados e o Distrito Federal sobre uma suposta entrega de frascos da vacina contra a covid-19 com menor quantia de doses, o Instituto Butantan atribuiu o problema ao preparo das equipes que fazem a aplicação do imunizante, além dos materiais utilizados. "É importante que os profissionais de saúde estejam capacitados para a aspiração correta de cada frasco-ampola, além de usar seringas e agulhas adequadas, para não haver desperdício", apontou.
O instituto alega ter investigado as notificações recebidas até o momento, e que todas envolvem "prática incorreta na extração das doses nos serviços de vacinação". "Reforçamos que todas as investigações pertinentes foram feitas e todos os controles realizados nos lotes liberados foram avaliados", declarou. Ele destacou que as ampolas têm 5,7 ml, volume que seria suficiente para as 10 aplicações prometidas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apura as denúncias. "A conclusão encontrada, e já dividida com a Vigilância Sanitária, é de que não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes por parte do Instituto Butantan. Na verdade, trata-se de uma prática incorreta no momento do uso das doses", salientou a fabricante da Coronavac.
Segundo a instituição, seringas de volumes considerados "superiores", como de 3 e 5 ml, dificultam a visualização do volume aspirado, "uma vez que podem não possuir as graduações necessárias". "Outro fator decisivo é a posição correta do frasco e da seringa no momento da aspiração", apontou. "O Instituto Butantan vem atuando juntamente aos gestores envolvidos na campanha de vacinação no intuito de orientar cada vez mais os profissionais responsáveis pelas aplicações das doses."
Após as reclamações, as bulas serão modificadas. "O Butantan irá revisar a bula da vacina Coronavac, no intuito de promover de forma ainda mais clara as informações relacionadas à forma correta de se realizar a aspiração das doses, adicionando inclusive um QR Code que irá direcionar para um vídeo demonstrativo do procedimento."
Já a Fiocruz, responsável pela produção da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a Astrazeneca no País, emitiu um comunicado em que afirma que o material passa por um "rígido processo de controle de qualidade". "Mesmo antes disto, os volumes de frascos são medidos, em etapa anterior à rotulagem e embalagem. Além disso, cada frasco contém o chamado 'overfill' - introdução de volume adicional de 1 dose - para evitar perda em sua utilização no campo - como possível humano na dosagem, variações de seringa e agulha", complementou.