Câmara dá 30 dias para Bolsonaro mostrar exames da covid-19

Lei obriga autoridades do Executivo a prestarem informações solicitadas pela Câmara ou pelo Senado

15 abr 2020 - 14h40
(atualizado às 14h57)

BRASÍLIA - A Mesa Diretora da Câmara deu prazo de 30 dias para que o presidente Jair Bolsonaro apresente à Casa resultado dos seus exames para covid-19. O requerimento de informações havia sido apresentado pelo deputado Rogério Correia (PT-MG). O Palácio do Planalto ainda não comentou a decisão da Câmara.

Câmara dá 30 dias para Bolsonaro apresentar exames pra covid-19
Câmara dá 30 dias para Bolsonaro apresentar exames pra covid-19
Foto: Dida Sampaio / Estadão

Bolsonaro fez os exames para detectar o novo coronavírus em 12 e 17 de março, após voltar de missão oficial nos Estados Unidos. Nas duas ocasiões, o presidente informou, via redes sociais, que os testes deram negativo para a doença, mas não exibiu cópia do resultado. Questionado pelo Estado, disse que a lei garante o sigilo das informações.

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O requerimento para que informe a Câmara sobre os resultados foi encaminhado ao ministro Jorge Antônio de Oliveira Francisco, chefe da Secretaria-Geral da Presidência. Caso não responda ou omita informações, tanto o ministro como o presidente poderão incorrer em crime de responsabilidade. Isso porque a lei obriga autoridades do Executivo a prestarem informações solicitadas pela Câmara ou Senado.

Na semana passada, a Presidência da República classificou a documentação dos exames de Bolsonaro como "sigilosos", se negando a divulgar os resultados por meio de pedidos de informações feitos via Lei de Acesso à Informação.

"Por ser presidente da República, e principalmente por ter nos últimos dias mantido contatos frequentes com aglomerações populares, Bolsonaro precisa informar à população brasileira se tem ou não o novo coronavírus", afirma o deputado Rogério Correia, que completou: "Essa informação não é de cunho pessoal, mas deve ser de domínio público, pela importância do cargo".

Ao menos 24 pessoas que acompanharam Bolsonaro na viagem aos Estados Unidos foram diagnosticadas posteriormente com a doença. Entre eles, auxiliares próximos, como o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten, e o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.

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No fim do mês passado, o presidente disse que poderia fazer um novo teste para saber se contraiu o vírus. "Fiz dois testes, talvez faça mais um até, talvez, porque sou uma pessoa que tem contato com muita gente. Recebo orientação médica", disse ele ao deixar o Palácio da Alvorada no dia 20 de março.

O presidente tem contrariado recomendações do Ministério da Saúde com alguma frequência. No sábado, ao participar da inauguração de um hospital de campanha em Águas Lindas, em Goiás, foi ao encontro de apoiadores que se aglomeravam próximo ao local.

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