Com as restrições do isolamento social, por causa da pandemia da covid-19, profissionais do sexo têm vivido de doações nos últimos meses em várias partes do Brasil. É assim, por exemplo, em Caicó, cidade do sertão do Rio Grande do Norte, a 282 quilômetros de Natal. Lá, já faz 16 anos, funciona o Cabaré Sol e Lua – frequentado por muitos dos seus moradores e visitantes e conhecido em todo o Estado.
Sua proprietária é presidente da Câmara de Vereadores da cidade vizinha, São José do Brejo do Cruz, que fica na Paraíba. Ariana Maia Saldanha, conhecida como Lilia Saldanha, fala abertamente sobre essa sua atividade paralela, de empresária do setor de casas de tolerância. Para ela, o respeito às meninas que comanda – “são como se fossem minhas filhas” – é o que a move para continuar na empreitada.
Mas, desde março, as dez profissionais do sexo que trabalham no cabaré têm passado mau bocado. Com as portas fechadas, o faturamento zerou. Numa tentativa de socorrê-las, Lilia fez recentemente uma live para arrecadar doações. Foi um sucesso e o vídeo postado no Youtube viralizou, com quase 200 mil visualizações até esta sexta-feira (3/7).
Gente importante da localidade e adjacências ofereceu mais do que cestas básicas e quantias em dinheiro. Teve quem doasse bolo, torta, pastel, absorvente, máscara protetora, água mineral, detergente e garrafas de cachaça. Na live, Lilia agradece nominalmente os benfeitores e muitas vezes lembra que eles agora apenas retribuem à caridade recebida das meninas quando iam ao cabaré.
“Pense num gesto de gratidão. É o que eles fazem neste momento. As meninas deram muitas alegrias a muitos homens que não saíam daqui. Chegada a hora da solidariedade, eles estão comparecendo. São empresários, comerciantes, fazendeiros, amigos. Todos esses cabras têm ótimas recordações do cabaré, sempre forma muito bem tratados aqui”, contou Lília.
À reportagem do Terra, ela ressaltou ainda que uma boa parte do que foi doado acabou sendo entregue também a várias instituições sociais da região. “Serviu para beneficiar mosteiro, asilo, uma aldeia próxima da gente, associação que trata de crianças excepcionais, um monte de gente que precisa.”