'Capitã cloroquina' depõe hoje e pode não falar de colapso

Mayra Pinheiro tem direito a ficar em silêncio sobre colapso em Manaus; cúpula da CPI critica ida Pazuello a ato no Rio e pode reconvocá-lo

25 mai 2021 - 05h10
(atualizado às 07h22)

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator da CPI da Covid, disse nesta segunda-feira, que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello deve ser convocado novamente para depor na comissão porque "tripudiou sobre os brasileiros" ao participar de ato com o presidente Jair Bolsonaro, no Rio, sem usar máscara e causando aglomeração. A convocação do general será submetida nesta quarta-feira, 26, a votação dos integrantes da CPI.

Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação no Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro
Secretária de Gestão do Trabalho e da Educação no Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro
Foto: Wallace Martins / Futura Press

"É importante encaminhar a reconvocação para que não pairem dúvidas de que nós nos consideramos ofendidos", afirmou Renan. "O ex-ministro não pode tripudiar sobre a verdade e descaradamente mentir, divagar, não responder, como fez. A própria presença dele na CPI, novamente, é uma sanção, uma demonstração de que a comissão não concorda com esse escárnio", completou o senador.

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Hoje, a CPI da Covid vai ouvir o depoimento da secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro. Ela é conhecida como "capitã cloroquina" por defender o chamado "tratamento precoce" contra o coronavírus, um conjunto de medidas sem comprovação científica que inclui o uso de cloroquina e a ivermectina.

Mayra começou a ganhar projeção ainda no governo Dilma Rousseff por criticar, como presidente do sindicato dos médicos do Ceará, o programa Mais Médicos. Após a eleição de Bolsonaro, ela foi nomeada para o cargo no Ministério da Saúde por indicação do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta.

Assim como fez Pazuello, Mayra buscou o Supremo Tribunal Federal para obter um habeas corpus preventivo e poder ficar em silêncio durante seu depoimento. Em uma primeira decisão, o ministro Ricardo Lewandowski negou o pedido. Depois, no entanto, o ministro autorizou que a secretária deixe de responder a perguntas relacionadas a fatos ocorridos entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano, quando houve o colapso no Amazonas.

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O presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que mudará o procedimento diante de depoentes que mentirem à comissão. Aziz destacou que Pazuello tinha habeas corpus concedido pelo Supremo para não se incriminar, mas não para mentir. "A partir de agora, as pessoas que tomarem a decisão de mentir poderão ser presas pela CPI. Não vou ser desmoralizado", afirmou Aziz em entrevista à Rádio Eldorado, ontem. Além de Pazuello, a cúpula da CPI quer reconvocar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Aziz também criticou a participação de Pazuello em ato ao lado de Bolsonaro, uma conduta proibida pelo Exército. "Espero que o Exército possa tomar as providências necessárias."

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