A China, país onde o surto de coronavírus teve início em dezembro, reportou uma diminuição de novas infecções nesta quarta-feira e pela primeira vez revelou o número de casos assintomáticos, o que pode complicar a interpretação das tendências da epidemia.
Quase todos os 36 casos novos de terça-feira envolveram recém-chegados do exterior, disse a Comissão Nacional de Saúde -- uma cifra menor do que os 48 do dia anterior e que eleva o total de infecções no país para 81.554.
Mas esta cifra exclui 130 novos pacientes da doença altamente contagiosa que não exibem sintomas, mostraram as estatísticas da entidade.
A China decidiu aumentar a vigilância de pacientes assintomáticos e daqueles em contato com eles. Em comentários feitos durante uma visita a Zhejiang, uma província do leste, o presidente Xi Jinping pediu uma administração melhor dos casos assintomáticos.
A identificação de pacientes assintomáticos vem das vistorias e exames de casos suspeitos e das dezenas de milhares de pessoas com as quais tiveram contato. Até terça-feira, havia cerca de 20 mil pessoas em observação, disse a comissão, embora não necessariamente sejam portadoras.
Um total de mais de 700 mil pessoas que tiveram contato próximo com casos suspeitos já foram rastreadas na China, segundo a entidade.
Citando dados confidenciais, o jornal South China Morning Post disse que o país encontrou mais de 43 mil casos de infecções assintomáticas por meio do rastreamento de contatos.
As infecções assintomáticas não causariam um grande surto se a cadeia de transmissão fosse cortada, disse o principal conselheiro médico do governo chinês, Zhong Nanshan, à estatal Shenzhen TV.
Ele disse que, assim que os pacientes assintomáticos forem encontrados, serão isolados e seus contatos também isolados e mantidos em observação.
Usuários das redes sociais chinesas expressaram o temor de que portadores sem sintomas possam estar disseminando o vírus sem saber, especialmente agora que as autoridades estão amenizando as restrições de viagem para locais muito afetados devido à queda de infecções.
Na semana passada, Maria van Kerkhove, epidemiologista da Organização Mundial da Saúde (OMS), disse que os pacientes assintomáticos são os principais catalisadores da transmissão, e que a maioria daqueles classificados como assintomáticos desenvolveram sintomas após um diagnóstico.
Até terça-feira, 1.367 casos assintomáticos estavam em observação na China, menos do que os 1.541 do dia anterior, segundo a Comissão Nacional de Saúde.