Comissão aprova relatório que rejeita kit covid no SUS

Decisão contraria posicionamento do governo Bolsonaro, que defende uso de remédios sem eficácia comprovada contra a covid-19 desde o início da pandemia

8 dez 2021 - 00h19
(atualizado às 07h26)

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS, órgão técnico ligado ao Ministério da Saúde, aprovou nesta terça-feira, 7, um relatório que rejeita o uso de remédios do kit covid, como a cloroquina e a azitromicina, em pacientes não internados com a covid-19. A decisão do grupo de especialistas, que assessora a pasta sobre a inclusão da oferta de medicamentos e terapias na rede pública, contraria a visão do governo federal. Desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro tem sido forte defensor desses produtos, cuja ineficiência foi comprovada em estudos científicos.

Os outros seis votos favoráveis ao parecer que barra o 'kit covid' no SUS partiram de dois secretários do ministério.
Os outros seis votos favoráveis ao parecer que barra o 'kit covid' no SUS partiram de dois secretários do ministério.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil / Estadão

"Poucas terapias medicamentosas mostraram-se eficazes no tratamento ambulatorial de paciente com covid-19", diz o relatório aprovado pelo comitê de especialistas. "À exceção dos anticorpos monoclonais que apresentaram algum benefício, outras terapias não mostraram benefício significativo na prevenção de desfechos clinicamente relevantes, como necessidade de hospitalização, evolução para ventilação mecânica e mortalidade", prossegue o texto. O ministério não é obrigado a acatar a recomendação da Conitec.

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No fim de outubro, havia terminado empatada a votação desse parecer técnico que contraindicava o uso de cloroquina, hidroxicloroquina, entre outros. Cinco dos sete servidores do Ministério da Saúde que participam do plenário da Conitec votaram contra o documento. O representante do Conselho Federal de Medicina (CFM) também havia se oposto ao documento que condena o kit covid - a entidade, ao longo da crise sanitária, tem defendido a autonomia dos médicos para prescrever remédios contra a doença, o que levantou críticas da comunidade científica. O texto voltou à discussão esta semana após essas diretrizes terem sido levadas à consulta pública.

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