O líder norte-coreano Kim Jong-un anunciou medidas preventivas em nível máximo, após o país anunciar nesta quinta-feira, 12 (horário local, noite de quarta-feira no Brasil), seu primeiro caso de covid-19. O regime se gabava de manter a doença fora de seu território e recusou oferta de vacinas.
O anúncio, mais de dois anos após o início da pandemia, ocorre ao mesmo tempo em que vários países avançam o relaxamento das restrições impostas para conter o coronavírus.
A agência estatal de notícias da Coreia do Norte KCNA informou que testes em um número indeterminado de pessoas na capital Pyongyang confirmaram a presença da variante ômicron. Segundo a agência, o país estaria enfrentando um surto da subvariante BA.2, altamente transmissível, que levou o regime a decretar "emergência nacional grave".
A KCNA disse que Kim convocou uma reunião da cúpula da legenda governista Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, na qual teria afirmado às autoridades que "o objetivo é eliminar a raiz do problema no espaço de tempo mais curto possível".
Ele anunciou a imposição de lockdowns e o reforço dos controles de fronteira, e pediu aos cidadãos que "bloqueiem por completo a disseminação do vírus maligno ao isolar rigorosamente suas áreas em todas as cidades e províncias do país", disse a KCNA.
As atividades comerciais e de produção devem ser organizadas de modo que cada unidade trabalho seja isolada para evitar o contágio. "A unidade pública é a garantia mais poderosa de que podemos vencer essa luta contra a pandemia", disse o líder, citado pela agência.
Pyongyang recusou vacinas
Apesar da decisão de adotar medidas mais rígidas, Kim deu ordens para que os projetos de construção, agricultura, desenvolvimento e defesa prossigam no mesmo ritmo.
O regime norte-coreano afirmou diversas vezes que havia conseguido empregar uma política à prova de falhas contra a doença, mantendo o coronavírus fora de seu território. Durante dois anos, o país fechou as fronteiras para visitantes e para quase todo o comércio internacional.
A medida gerou um peso ainda maior sobre uma economia que já sofria o impacto de décadas de má gestão e das sanções impostas pelo Ocidente, em razão de seu programa nuclear.
Anteriormente, a Coreia do Norte rejeitou ofertas de vacinas vindas através do programa Covax da ONU, que promove a distribuição global dos imunizantes. Especula-se que o motivo da recusa seriam as exigências de monitoramento internacional do programa.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até o final de 2020, a Coreia do Norte havia conduzido 13.259 testes, sendo que todos tiveram resultado negativo. Analistas avaliam que o país deverá ter enormes dificuldades em lidar com um surto de covid-19 de grandes proporções, devido ao sistema de saúde fragilizado.
rc (AP, AFP, Reuters)