Divulgada em etapas, a eficácia da vacina da Sinovac contra o coronavírus despertou muitas dúvidas, particularmente a eficácia geral de 50,38% tornada pública na terça-feira (12/01).
A partir dos dados da fase 3 dos estudos do Instituto Butantan e com orientação de médicos, a BBC News Brasil destrinchou os dados em um gráfico, para explicar o que cada porcentagem significa na vida de quem se imunizar.
Na prática, quem não tomar a vacina terá o dobro de chances de desenvolver a covid-19 caso pegue o vírus, explica à BBC News Brasil o médico Marcio Sommer Bittencourt, do Hospital Universitário da USP.
Não vacinados que adoeçam também terão cinco vezes mais chance de precisar de atendimento médico. "E não temos certeza ainda, mas tudo leva a crer que a diminuição nos casos graves e mortes deve ser nessa mesma proporção", explica Bittencourt.
Isso porque os dados relacionados a casos graves e mortes não foram estatisticamente significativos no estudo da CoronaVac - não há certeza de se a vacina teve impacto direto nisso pelo número de pacientes estudados.
Outras vacinas em desenvolvimento no mundo também já apresentaram seus dados de eficácia geral.
Para alguns especialistas, embora a Coronavac não tenha eficácia geral tão alta quanto outras, como a da Moderna ou Pfizer-BioNTech, ela tem como vantagem o fato de ser mais acessível do que os imunizantes estrangeiros que estão sendo disputados acirradamente por muitos países.
Segundo o Butantan, já estão prontas 10,8 milhões de doses da vacina em solo brasileiro. "No final de março, a carga total de imunizantes disponibilizados pelo instituto é estimada em 46 milhões de doses", diz o órgão.
Para Bittencourt, essa acessibilidade é um ponto-chave.
"A conta simplificada é: quantas pessoas estão protegidas e quanto protejo toda a população. Se vacinar 1 milhão com uma vacina que reduz 95% (a chance de covid-19), o máximo que você protegeu foram 950 mil pessoas. Se vacinar 200 milhões com uma vacina que reduz 50% você protege até 100 milhões de pessoas. Comparado com esperar um ano para ter, por exemplo, a vacina da Pfizer, a melhor alternativa que temos é essa (CoronaVac)", diz.
Analisando a oferta de imunizantes disponíveis no calendário brasileiro de imunização - e levando-se em conta apenas vacinas aplicadas também em adultos, mesmo público-alvo das vacinas contra o coronavírus -, nota-se que existe uma grande variação na taxa de eficácia.
Um fator importante é que, para qualquer vacina ter eficácia, é necessário que uma grande quantidade da população seja imunizada, fazendo com que o agente infeccioso deixe de circular. É a chamada imunidade de rebanho.
Com reportagem de André Biernath, Camilla Costa e Paula Adamo Idoeta, da BBC News Brasil em São Paulo e Londres