A incidência da covid-19 em favelas cariocas continua como ameaça à vida de muitas pessoas que moram nessas áreas. Até essa quinta (11), oficialmente, já passam de 250 os mortos acometidos pela covid-19 que vivem em comunidades pobres da cidade. Esses números, no entanto, não condizem com a realidade.
Além do atraso nas notificações para que o sistema da prefeitura processe os dados, há uma outra situação recorrente que mascara as estatísticas.
Na ficha de pacientes internados nos hospitais do Rio, vale o endereço fornecido por algum parente ou pelo próprio doente. Geralmente, a pessoa não cita a favela em que mora e prefere mencionar o nome do bairro mais próximo
Ao longo, por exemplo, de Realengo, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz, que registram grande número de infectados e de mortes (782, até 11 de junho) pela covid-19, há dezenas de favelas geminadas. Parte considerável dos óbitos nessas localidades, na zona oeste, acaba computada como de moradores de algum desses quatro bairros.
Isso explica por que Realengo, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz estão entre os dez bairros com mais vítimas da covid-19 na cidade. Muitas das vítimas moram em grandes favelas da região, como Vila Aliança, Vila Vintém, Pantanal, Carobinha, Boqueirão, Batan e Barbante, entre outras. Mas essa informação não consta em suas fichas.
De acordo com o último boletim da prefeitura do Rio, da noite dessa quinta (11), o Complexo da Maré, na zona norte, já somava 67 óbitos de covid-19. A Favela da Rocinha, na zona sul, registrava 47.