Covid: Brasil atinge a triste marca de 600 mil mortos

Segundo dados consórcio de veículos de imprensa, País chegou a 600.077 vítimas fatais da doença nesta sexta-feira

8 out 2021 - 14h53
(atualizado às 15h37)
Kelvia Andrea Goncalves chora durante enterro da mãe que morreu de covid-19, em cemitério de Manaus
REUTERS/Bruno Kelly
Kelvia Andrea Goncalves chora durante enterro da mãe que morreu de covid-19, em cemitério de Manaus REUTERS/Bruno Kelly
Foto: Reuters

O Brasil atingiu a triste marca de mais de 600 mil mortos pela covid-19 nesta sexta-feira, 8, informou o consórcio de veículos de imprensa. Ao todo, já são 600.077 vítimas fatais desde o início da pandemia no País.

Ainda de acordo com dados do consórcio de imprensa, o Brasil totaliza 21.893.752 casos de coronavírus.

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Com o avanço da vacinação, a pandemia tem demonstrado sinais de desaceleração, mas doença ainda preocupa em um cenário de flexibilização das medidas de distanciamento social.

Avanço da doença

A primeira morte oficial associada à covid-19 no Brasil foi a de uma mulher de 57 anos, em São Paulo, em 12 de março de 2020. Desde então, é como se toda a população de Joinville, a maior cidade de Santa Catarina, tivesse desaparecido.

Apenas um país acumula mais mortes do que o Brasil: os Estados Unidos, que recentemente superaram a marca de 700 mil óbitos por covid-19. Os EUA, no entanto, têm uma população 55% maior que a do Brasil e contam com mecanismos mais eficientes de notificação.

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Especialistas também alertam que os números reais de casos e mortes no Brasil são maiores, em razão da falta de testagem em larga escala e da persistente subnotificação. Em junho, quando o Brasil superou a marca de 500 mil mortes oficialmente notificadas, estudos indicavam que o País provavelmente já contava mais de 600 mil óbitos por covid-19.

Desta vez, porém, a nova trágica marca oficial de mortos por covid-19 no Brasil pelo menos ocorre num momento de desaceleração. Apenas 51 dias separaram as marcas de 400 mil e 500 mil mortes notificadas. Já a divisa das 600 mil mortes ocorre 111 dias depois de o país ter superado meio milhão de vítimas.

Após início tumultuado, vacinação avança

Essa desaceleração no ritmo de mortes coincide com o avanço veloz da vacinação no País, que deslanchou apesar da demora do governo federal em comprar imunizantes e da má organização do Ministério da Saúde no início da campanha de vacinação. No momento, 69,78% da população tomou pelo menos uma dose da vacina e 45,5% completaram o esquema vacinal. Mais de 1,9 milhão tomaram uma dose de reforço.

Em 19 de junho, quando o País ultrapassou as 500 mil mortes registradas, 29,61% da população havia tomado pelo menos uma dose e apenas 11,45% haviam completado a imunização.

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A média móvel de mortes nos últimos sete dias estava em 451 na quinta-feira - a menor desde 13 de novembro. Quando o Brasil superou a marca de 500 mil mortes, a média móvel estava acima da casa dos 2 mil óbitos. Os números também contrastam com as taxas de abril, o mês mais mortífero da pandemia, quando o país chegou a atingir uma média móvel de 3.125 mortes.

No fim de julho, o Brasil voltou a registrar média móvel de mortes abaixo de mil, após um período de 191 dias seguidos acima dessa marca.

Pessoas acompanham e enterro de parente vítima da Covid-19, em Manaus. 8/5/2021. REUTERS/Bruno Kelly
Foto: Reuters

O Estado de São Paulo contava no início desta semana com 4.997 internados por covid-19 - menor dos últimos 18 meses e quase cerca de sete vezes menor que o registrado no pico da segunda onda, que teve mais de 31 mil pacientes com a doença. As taxas de ocupação de leitos de UTI também estavam entre as menores desde o início da pandemia, com 31,4% no estado e 39,5% na grande São Paulo.

"Podemos esperar números ainda mais animadores conforme chegarmos em 70 a 80% da população completamente vacinada. Pela primeira vez desde março do ano passado, apesar do esforço contrário e constante do governo federal, temos um horizonte favorável à frente", escreveu nesta semana o biólogo e divulgador científico Átila Iamarino em artigo na Folha de S.Paulo.

Segundo pesquisa Datafolha divulgada em julho, 94% dos brasileiros acima de 16 anos já teriam se vacinado ou que pretendiam se imunizar. Em dezembro de 2020, antes do início da campanha e quando o presidente Jair Bolsonaro fez seguidos ataques explícitos contra os imunizantes, esse percentual chegou ao seu nível mais baixo, 73%. No entanto, em março, com as mortes por covid-19 explodindo e o país superando a marca de 300 mil mortes, a adesão às vacinas já havia saltado para 89%.

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Nesta sexta-feira, horas antes da marca de 600 mil mortes ser atingida, Bolsonaro voltou a fazer discursos negacionistas sobre os imunizantes, desencorajando a imunização em jovens de até 20 anos.

Bolsonaro e Queiroga
Foto: Wallace Martins / Futura Press

"O número de pessoas que morre por covid abaixo de 20 anos, tá, hein, Queiroga, 99,999 alguma coisa não é isso Queiroga? Então por que vacina, meu Deus do céu? Será que é um negocio que estamos vendo em jogo no Brasil e no mundo?", disse Bolsonaro, em evento ao lado do seu ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

Nesta quinta-feira, a Fiocruz destacou em boletim a queda nos números de mortes e casos de covid-19 nas últimas semanas, mas por outro lado apontou que ainda é essencial manter em vigor medidas preventivas para impedir que as taxas de infecção e mortes voltem a aumentar. Entre as medidas citadas pela fundação estão uso de máscaras e distanciamento social, além dos passaportes sanitários - justamente três medidas que Bolsonaro vem combatendo.

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) pediu nesta sexta-feira que os gestores do SUS mantenham a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção facial. "É preciso que estejamos atentos às experiências frustrantes de alguns países que, acreditando ter superado os riscos, suspenderam a obrigatoriedade do uso de máscaras, afrouxaram as medidas de prevenção e, por isso mesmo, tiveram recrudescimento importante do número de casos e de óbitos, obrigando-os a retroceder", disse.

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CPI

Diante da persistência das atitudes negacionistas de Bolsonaro, na terça-feira, o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros, declarou que vai indiciar o presidente Jair Bolsonaro e mais 29 indivíduos por ações e omissões durante a pandemia.

Ainda nesta quinta-feira, a CPI aprovou um requerimento para pedir esclarecimentos a Queiroga sobre o motivo de a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) ter retirado da pauta a análise de um relatório sobre o "tratamento precoce".

Os senadores suspeitam que tenha sido feito algua pressão para que os técnicos deixassem de avaliar na data prevista o documento, que aponta para a não utilização de cloroquina e ivermectina no tratamento da covid-19.

Incógnita em 2022

O ministro Marcelo Queiroga afirmou nesta semana que o governo federal está considerando uma campanha de vacinação contra a covid-19 para 2022. No entanto, ele não detalhou como o governo está negociando a compra de mais doses para imunizar os brasileiros e qual é o cronograma de entrega das doses.

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As falas não foram consideradas tranquilizadores. No mesmo dia, a CPI aprovou um pedido de informações ao Ministério da Saúde sobre o planejamento para vacinação contra a covid-19 em 2022 e para que o órgão justifique sua intenção de descontinuar o uso da CoronaVac no próximo ano. A CPI ainda aprovou um requerimento para que fabricantes de vacina informem sobre tratativas mantidas com o governo para o fornecimento de imunizantes em 2022.

* Com informações da Deutsche Welle

Fonte: Redação Terra
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