Covid: como novo teste de anticorpos pode ajudar no combate à pandemia

Cientistas da Universidade de Oxford dizem ter desenvolvido um teste barato e rápido para detectar os anticorpos que atuam contra o coronavírus.

26 abr 2021 - 11h50
(atualizado às 11h58)
Cientistas da Universidade de Oxford dizem ter desenvolvido um teste barato e rápido para detectar os anticorpos que lutam contra o novo coronavírus
Cientistas da Universidade de Oxford dizem ter desenvolvido um teste barato e rápido para detectar os anticorpos que lutam contra o novo coronavírus
Foto: Reuters / BBC News Brasil

Um novo teste de anticorpos barato e rápido pode ser a ferramenta mais recente na luta contra a covid-19.

Uma equipe de pesquisa internacional liderada por cientistas da Universidade de Oxford afirma ter desenvolvido um teste portátil, fácil de produzir e econômico para detectar os anticorpos que combatem o novo coronavírus que causa o covid-19.

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"Com melhores maneiras de testar os níveis de anticorpos e entender as defesas imunológicas de indivíduos e populações, cada vez mais tomamos medidas para proteger mais pessoas globalmente e controlar a disseminação do vírus", disse Alison Simmons, diretora da Unidade de Imunologia Humana da Universidade de Oxford.

Os pesquisadores agora planejam usar este teste simples para ver se ele pode identificar aqueles que já estão protegidos contra a covid-19. Com ajuda do teste, autoridades poderão identificar indivíduos que não têm anticorpos suficientes e que ainda necessitam de mais uma dose da vacina contra covid-19.

A pesquisa ainda está em fase de testes.

O que são anticorpos?

Os anticorpos são proteínas no sangue que reconhecem infecções específicas e as combatem.

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Cientistas da Universidade de Oxford dizem ter desenvolvido um teste barato e rápido para detectar os anticorpos que lutam contra o novo coronavírus
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Depois que você contrai uma infecção, os anticorpos ajudam seu corpo a enfrentar essa mesma infecção, caso você volte a encontrar em contato com o vírus no futuro. As vacinas fornecem uma maneira segura de o corpo desenvolver anticorpos sem o risco de ficar doente.

Se uma pessoa já teve covid-19, é provável que tenha esses anticorpos no sangue e possa estar protegida de pegar o vírus novamente.

Mas os especialistas dizem que mais pesquisas ainda precisam confirmar isso.

O sistema imunológico é complexo e existem outros elementos, como as células T, que também podem desempenhar um papel de proteção.

Como funciona o teste de anticorpos da Universidade de Oxford?

O teste funciona com uma simples picada no dedo, o que faz dele um exame rápido e fácil de usar.

Existem outros testes de anticorpos no mercado que também funcionam com amostras de sangue retiradas de uma picada no dedo
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O teste baseia-se na ligação de uma parte da proteína viral à superfície dos glóbulos vermelhos. Quando os anticorpos contra o vírus estão presentes, eles criam um aglomerado de células vermelhas do sangue.

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Este aglomerado é grande o suficiente para ser visto a olho nu.

"É um teste muito simples e pode ser feito por um técnico ou paramédico treinado", disse à BBC o professor chefe do estudo, Alain Townsend, da Unidade de Imunologia Humana da Universidade de Oxford.

O teste pode então ser fotografado e enviado para avaliação profissional.

A equipe de pesquisa usou o teste em pacientes com covid-19, mas agora espera adaptá-lo para identificar aqueles que geraram anticorpos suficientes com sucesso após a vacinação, em comparação com aqueles que podem precisar de uma dose de reforço.

Como o teste ajuda a combater a covid-19?

Os cientistas esperam que o uso em larga escala de seus testes possa ajudar os pesquisadores e formuladores de políticas a rastrear os níveis de imunidade na comunidade.

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A equipe de pesquisa atualiza o teste sempre que há uma nova variante, potencialmente permitindo que os cientistas estudem o impacto dessas variantes nos anticorpos.

Espera-se que o teste também detecte como o corpo reage às vacinações, bem como após a infecção pelo coronavírus.

Os cientistas esperam que o uso em larga escala de seus testes possa ajudar os pesquisadores e formuladores de políticas a rastrear os níveis de imunidade na comunidade
Foto: EPA / BBC News Brasil

"Ter uma boa quantidade de anticorpos ajuda a combater a covid-19", diz Neelika Malavige, professora de microbiologia e diretora do Departamento de Pesquisa da Dengue da Universidade Sri Jayawardenepura, no Sri Lanka.

Ela está liderando a segunda fase da pesquisa, com pessoas que geraram anticorpos após tomar a vacina.

"Existem tantos tipos diferentes de anticorpos", diz ela.

"Temos estudado esses anticorpos em um grande grupo de voluntários para entender que tipo de anticorpos são detectados na comunidade do Sri Lanka. Embora alguns anticorpos sejam realmente bons para proteger seu corpo, alguns só ficam circulando por aí. Estamos tentando entender que tipo de anticorpos nos protegem da covid-19. Também estamos analisando a resposta imunológica às variantes do coronavírus."

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O que os testes de anticorpos não são capazes de fazer?

De acordo com o sistema de saúde britânico, embora um teste de anticorpos possa dizer se é provável que você já tenha contraído o coronavírus, algumas pessoas que já tiveram o vírus não têm anticorpos.

Um teste de anticorpos também não dirá se você é imune ao coronavírus e se você pode ou não transmitir o vírus para outras pessoas.

A precisão dos testes de anticorpos ainda está em revisão em muitos casos. As pessoas também podem obter como resultado um falso positivo, mostrando que elas têm anticorpos, de acordo com o British Medical Journal.

Também pode levar várias semanas após uma infecção ou vacinação para o sistema imunológico desenvolver anticorpos.

Tudo depende de cada indivíduo, diz Townsend, mas geralmente o processo pode levar várias semanas após uma infecção ou vacinação.

"Algumas pessoas criam um nível muito baixo [de anticorpos], outras criam muito e não entendemos bem o porquê disso", diz Townsend.

"Fizemos várias centenas de testes; o nível mais alto foi em uma senhora idosa que tinha uma doença muito leve e ela criou um nível enorme de anticorpos."

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Embora a ideia geral seja que os anticorpos possam prevenir contra uma reinfecção por cerca de um ano, os cientistas dizem que precisam de mais pesquisas para chegar a uma conclusão.

Embora o teste ainda não tenha sido aprovado para uso na população, a equipe da Universidade de Oxford planeja discutir seu novo produto com o sistema de saúde britânico.

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