A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid ouve nesta terça-feira, 13, a diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades. A empresa — que representa no Brasil a Bharat Biotech, fabricante da vacina Covaxin — é citada como intermediária nas negociações para compra do imunizante indiano. A sessão está marcada para 9h.
Ontem, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, concedeu à Emanuela habeas corpus que permite a ela ficar em silêncio diante dos questionamentos dos senadores. Fux, no entanto, negou o pedido da diretora para não ser obrigada a comparecer à CPI da Covid.
A convocação de Emanuela foi solicitada por meio de requerimento apresentado pelos senadores Otto Alencar (PSD-BA) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). Os parlamentares argumentaram que a diretora da Precisa é uma das responsa´veis pela negociac¸a~o da vacina com o Ministério da Saúde.
"Para que seja possível esclarecer os detalhes de potencial beneficiamento da Bharat Biotech, representada no Brasil pela Precisa Medicamentos, na negociação de compra de vacinas pelo Ministério da Saúde, faz-se necessária a oitiva da Sra. Emanuela Medrades, diretora técnica de referida importadora", afirma Alessandro em seu requerimento.
A Precisa Medicamentos atuou como intermediária entre o laboratório indiano Bharat Biotech e o Ministério da Saúde na venda de 20 milhões de doses da Covaxin — e teria pedido inclusive um adiantamento dos pagamentos, o que não é usual.
O nome de Emanuela aparece em vários momentos nas trocas de e-mails entre a empresa e o Ministério da Saúde. Além do depoimento, a CPI também aprovou a quebra dos sigilos telefônico e telemático (mensagens) da diretora.
As suspeitas de corrupção na negociação da compra de R$ 20 milhões de doses da Covaxin estão no centro das investigações da CPI da Covid. O contrato entre o governo federal e a intermediária foi fechado e o valor de R$ 1,6 bilhão chegou a ser empenhado (reservado no Orçamento), mas está suspenso em função das denúncias.
O caso também é investigado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal (PF). As apurações atingem, inclusive, o presidente Jair Bolsonaro. Como mostrou o Estadão, a PF abriu inquérito para investigar se o chefe do Executivo prevaricou ao supostamente não ter comunicado aos órgãos de investigação indícios de corrupção nas negociações para compra da vacina indiana.