Há um fantasma que vira e mexe assombra boa parte dos dirigentes de futebol do País. Chama-se CPI. Normalmente, atinge a cúpula de entidades do futebol, como a CBF e as federações estaduais. Não é à toa que vários deles estão bem atentos aos movimentos da CPI da Covid. Um requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), protocolado na secretaria da CPI, pede a convocação do ex-presidente da CBF, Marco Polo Del Nero.
Banido do futebol pela Fifa em 2018, por escândalos de corrupção, Del Nero teria de dar informações sobre ações do empresário Francisco Maximiano, dono da empresa Precisa Medicamentos, que negociou a vacina Covaxin com o Ministério da Saúde.
A motivação para ouvi-lo é de sua de suposta proximidade com Maximiano, como revelam documentos que mostram que o empresário já contratou os serviços do escritório Marco Polo Del Nero Advogados Associados, do qual o ex-presidente da CBF é sócio, por cifras milionárias.
Com Del Nero numa CPI, tudo o que vários presidentes de federações estaduais querem é distância. Temem que ele se enrole e passe também a ser investigado por crimes relatados pelos senadores Randolfe e Romário (PL-RJ) na CPI do Futebol em 2015 e 2016 – lavagem de dinheiro, estelionato, crime contra a ordem tributária, organização criminosa, crime contra o sistema financeiro nacional e crime eleitoral – todos negados pela defesa de Del Nero. Nesse cenário, essas entidades poderiam também virar alvo.
O requerimento de Randolfe deve ser apreciado nesta semana em sessão deliberativa da CPI e tende a ser aprovado.