A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid voltou a chamar a atenção da mídia internacional. Nesta quarta-feira (20), após a leitura do relatório final, que atribui diversos crimes de responsabilidade ao presidente Jair Bolsonaro, o chefe do Executivo voltou a virar destaque em vários periódicos ao redor do mundo. Apesar de céticos com relação à possibilidade de Bolsonaro ser julgado pelos crimes a ele imputados, veículos destacam que os trabalhos da CPI prejudicaram a imagem do presidente, um ano antes das eleições presidenciais.
Ontem, o nome de Bolsonaro já havia circulado com destaque na home do jornal norte-americano The New York Times, e entre as notícias do britânico The Guardian. Hoje, o jornal econômico Financial Times também repercutiu os trabalhos do Senado Federal brasileiro. De acordo com o veículo, durante seus seis meses de funcionamento, os depoimentos recolhidos pela comissão "às vezes pintavam uma resposta oficial inepta ao surto".
O periódico destaca que é baixa a expectativa de que o presidente responda pelos crimes apresentados no relatório final da CPI, "devido às camadas de proteção em torno de um presidente em exercício". "Mesmo assim, especialistas dizem que as descobertas da comissão podem ser politicamente prejudiciais antes de uma campanha de reeleição no ano que vem", pontua.
Na mesma linha, a agência Reuters avaliou que Bolsonaro dificilmente será julgado, mas os trabalhos da CPI, "sublinham o crescente isolamento político de Bolsonaro um ano antes da próxima eleição presidencial". "Sua popularidade sofreu com uma economia fraca, aumento da inflação e como ele lidou com o surto", reforça.
Um dos principais portais de notícias britânico, a BBC, ressaltou que Bolsonaro pode ser julgado no Tribunal Penal Internacional, por conta das acusações de crimes contra a humanidade. A reportagem descreveu que "o colegiado quer que Bolsonaro enfrente uma série de acusações criminais, incluindo crimes contra a humanidade".
Outros jornais internacionais também repercutiram o relatório da CPI da Covid. Na África do Sul, o Business Insider relatou que Bolsonaro minimizou a gravidade da pandemia. "Bolsonaro minimizou repetidamente os perigos representados pelo coronavírus, zombou de máscaras e lançou dúvidas sobre a vacina. Ele também foi criticado por sua decisão de não impor bloqueios quando o vírus surgiu."
O principal canal de notícias no Oriente Médio, Al Jazeera enfatizou que o parecer da CPI afirma que Bolsonaro recusou as oportunidades de comprar vacinas no começo da pandemia. "Investigação começou em abril, alegando que Bolsonaro recusou oportunidades no início da pandemia para o governo adquirir vacinas - atrasando a campanha de vacinação do Brasil ao custo de cerca de 95.000 vidas."