Desigualdade pesa mais que faixa etária nas mortes por covid

Levantamento foi feito por pesquisadores brasileiros ligados ao Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) e foi publicado na revista científica Lancet

13 abr 2021 - 13h06
(atualizado às 13h36)

RIO - As desigualdades sociais e econômicas entre as regiões do Brasil foram mais decisivas na disseminação da covid-19 e no aumento do número de mortes do que a faixa etária da população mais atingida e a presença de doenças crônicas - como ocorreu em diversos países da Europa. O levantamento foi feito por pesquisadores brasileiros ligados ao Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) e foi publicado na Lancet, uma das mais importantes revistas científicas do mundo.

Pacientes em sala de emergência em hospital de Porto Alegre
11/03/2021
REUTERS/Diego Vara
Pacientes em sala de emergência em hospital de Porto Alegre 11/03/2021 REUTERS/Diego Vara
Foto: Reuters

Comparando os índices de vulnerabilidade sócioeconômica dos Estados aos registros de casos e mortes por covid, o trabalho mostra que o impacto foi maior nas regiões mais pobres, com menos recursos médicos, como Norte e Nordeste. O Brasil já acumula mais de 355 mil óbitos pelo vírus, com média de mais de 3 mil vítimas diárias.

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Embora a covid-19 tenha sido inicialmente registrada em São Paulo e Rio, na região Sudeste, a mortalidade da doença aumentou rapidamente em Estados com maiores vulnerabilidades socioeconômicas, particularmente no Norte e no Nordeste. Recursos hospitalares disponíveis, particularmente o número de leitos de terapia intensiva, foram cruciais para o sucesso no enfrentamento da doença.

Na falta de uma coordenação federal do combate à pandemia, medidas de prevenção adotadas em algumas regiões - e não em outras - também tiveram impacto decisivo."No Brasil, múltiplas camadas de vulnerabilidade e risco se sobrepõem e são amplificadas pelas desigualdades estruturais existentes para produzir resultados piores nas regiões mais vulneráveis do ponto de vista socioeconômico", escreveram os pesquisadores.

Desde o início da crise sanitária, em março do ano passado, a gestão Jair Bolsonaro tem sido alvo de críticas no Brasil e no exterior pela postura negacionista, minimizando os riscos da doença, e pela oposição às medidas de isolamento social para frear o vírus. O presidente chegou a entrar na Justiça contra governadores na tentativa de derrubar toques de recolher. Além disso, Bolsonaro defendeu o uso de remédios comprovadamente ineficazes contra a covid, como a cloroquina e ivermectina.

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