Dificuldade de ejacular e redução da libido: estudo mapeia sintomas da covid longa

Pesquisa britânica chegou a 62 sintomas persistentes e apontou que mulheres, mais jovens, minorias étnicas, pessoas com dificuldades socioeconômicas, fumantes e obesos estão mais propensos a vivenciá-los

26 jul 2022 - 13h11
(atualizado às 14h15)
Foto de ilustração do coronavírus
29/01/2020 Alissa Eckert, MS; Dan Higgins, MAM/CDC/Divulgação via REUTERS
Foto de ilustração do coronavírus 29/01/2020 Alissa Eckert, MS; Dan Higgins, MAM/CDC/Divulgação via REUTERS
Foto: Reuters

Um estudo britânico publicado nesta segunda-feira, 25, na revista científica Nature Medicine, mapeou novos sintomas associados à covid longa. De um total de 62 manifestações clínicas, anosmia (perda de olfato), queda de cabelo , espirros, dificuldade de ejaculação e redução da libido foram as mais relatadas. A pesquisa também aponta que mulheres, mais jovens, minorias étnicas, pessoas com dificuldades socioeconômicas, fumantes e obesos são mais propensos a enfrentar o quadro.

Conforme o Instituto Nacional de Estatísticas Britânico, 10% dos infectados pelo novo coronavírus apresentam sintomas persistentes por um período de 12 semanas ou mais. Essa persistência tem recebido vários nomes, como covid longa ou síndrome pós-covid. As manifestações, conforme o novo estudo, duram ao menos dois meses e não podem ser explicadas por diagnóstico alternativo.

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Os pesquisadores da University of Birmingham analisaram registros de saúde de 2,4 milhões de pessoas no Reino Unido. Os dados coletados entre janeiro de 2020 e abril de 2021, incluíam mais de 480 mil pacientes diagnosticados previamente por covid e 1,9 milhão sem indicação de infecção. Ao contrário de muitos estudos anteriores, esse focou na população não hospitalizada, sobre a qual os dados são ainda escassos.

Os estudiosos atribuem o foco em não hospitalizados ao mapeamento de sintomas que, em análises anteriores, não eram amplamente relatados, como perda de cabelo e disfunção sexual.

"Essa pesquisa valida o que os pacientes têm dito aos médicos e formuladores de políticas durante a pandemia, que os sintomas do covid longa são extremamente amplos e não podem ser totalmente explicados por outros fatores, como fatores de risco de estilo de vida ou condições crônicas de saúde", falou Shamil Haroon, autor sênior do estudo e professor de Saúde Pública da universidade britânica, ao portal da instituição.

Outra descoberta associada à escolha de população, foi a de que pessoas mais jovens estão mais propensas a conviver com os sintomas persistentes. Além delas, outros "grupos de risco" apontados foram mulheres, pessoas com sobrepeso ou obesidade, fumantes, minorias étnicas e pacientes com dificuldades socioeconômicas.

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O estudo também traçou uma ampla gama de comorbidades associada a um risco aumentado de sintomas prolongados. Entre elas fibromialgia, ansiedade, disfunção erétil, depressão e enxaqueca, por exemplo.

Ao portal da instituição, Anuradhaa Subramanian, pesquisadora do Instituto de Pesquisa em Saúde Aplicada da universidade britânica e principal autora do artigo, destacou a importância da análise sobre fatores de risco, pois ajuda a avaliar o que tem contribuído para a covid longa e aprimorar o tratamento de pacientes.

"As mulheres são, por exemplo, mais propensas a sofrer de doenças autoimunes. Ver o aumento da probabilidade de as mulheres terem covid longa em nosso estudo, aumenta nosso interesse em investigar se a autoimunidade ou outras causas podem explicar o aumento do risco nas mulheres", explicou.

Veja os dez sintomas mais frequentes

  • Anosmia
  • Queda de cabelo
  • Espirros
  • Dificuldade de ejaculação
  • Redução da libido
  • Falta de ar quando em repouso
  • Fadiga
  • Dor torácica pleurítica
  • Rouquidão
  • Febre

Outros sintomas que aparecem na lista são corrimento vaginal, retenção urinária, vertigem, olhos vermelhos e dor de ouvido.

Brasil

Um estudo brasileiro, da Fiocruz Minas, constatou que metade das pessoas diagnosticadas com covid-19 apresenta sequelas que podem perdurar por mais de um ano. A pesquisa contabilizou 23 sintomas após o término da infecção aguda. Fadiga foi a principal queixa, relatada por 35,6% dos pacientes. Também entre as sequelas mais mencionadas estão tosse persistente (34%), dificuldade para respirar ( 26,5%), perda do olfato ou paladar ( 20,1%) e dores de cabeça frequentes (17,3%).

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Pacientes ajudam cientistas

Como mostrou o Estadão, em abril, nos Estados Unidos, pacientes se tornaram cientistas cidadãos na ajuda para pesquisar tratamento para a covid longa. On-line, eles documentam seus sintomas. Isso ajuda profissionais de saúde a pensar em perguntas e estratégias, e até a divulgar resultados.

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