Durante o anúncio de medidas para conter o avanço do novo coronavírus em São Paulo, o governador João Doria (PSDB) voltou a elogiar o trabalho do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e criticou o que chamou de "milícias virtuais" que estariam atacando médicos, entre eles o chefe do Comitê contra a covid-19 no Estado, David Uip. Recuperado da doença, Uip voltou a trabalhar nesta semana. Em redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro questionou se o médico usou cloroquina no tratamento contra a doença.
"Peço respeito à medicina e aos médicos. Nossa guerra é contra o coronavírus. O ministro Mandetta vem cumprindo bem sua função como ministro da saúde. Não faz sentido atacar o médico David Uip, pelo dito gabinete do ódio. E nem o doutor Roberto Kalil. Por favor, respeitem os médicos e a medicina, os enfermeiros, aqueles que estão doando seu conhecimento e dedicação para ajudar as pessoas a manterem sua saúde", disse Doria.
Usando suas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro fez referência a Uip, a quem tem pressionado para que revele se utilizou ou não a cloroquina durante seu tratamento. "Dois renomados médicos no Brasil se recusaram a divulgar o que os curou da covid-19. Seriam questões políticas, já que um pertence a equipe do governador de SP?", questionou. "Acredito que eles falem brevemente, pois esse segredo não combina com o Juramento de Hipócrates que fizeram. Que Deus ilumine esses dois profissionais, de modo que revelem para o mundo que existe um promissor remédio no Brasil."
Bolsonaro disse ter feito contato com "dezenas de médicos" e alguns chefes de Estados de outros países para falar sobre os medicamentos. "Cada vez mais o uso da cloroquina se apresenta como algo eficaz", disse. "Há 40 dias venho falando do uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19. Sempre busquei tratar da vida das pessoas em 1° lugar, mas também se preocupando em preservar empregos".
Ainda durante o prinunciamento, Doria repudiou diretamente àqueles que chamou de "milicianos internautas" e pediu união e entendimento para superar a pandemia.
"Precisamos de paz e não confronto. Que país é esse onde o confronto pelas redes é feito pra destruir pessoas e reputações? E principalmente de médicos, que aprenderam a salvar as pessoas? E agora, por um milícia digital, são acusados emparedados, na tentativa de destruir a reputação dessas pessoas? Como governador, meu repudio. Precisamos de paz, entendimento, harmonia e união pra vencer a crise. Não é atacando, com milicianos internautas, que construiremos um ambiente de paz. Atacar médicos não salva a vida de ninguém. Só aumenta ainda mais a perda de vidas de pessoas", declarou.
Nesta terça, Uip foi questionado sobre se teria usado cloroquina: "Eu não me prescrevi, eu não me receitei, eu fui cuidado por médicos da minha confiança", disse Uip, que é infectologista. "É algo absolutamente pessoal e, como eu respeito os meus pacientes, eu gostaria de ser respeitado em algo que é muito pessoal e muito particular. Não faço isso para esconder nada, mas não quero transformar o meu caso em modelo para coisa alguma."
Na coletiva, Doria afirmou que a prescrição da cloroquina cabe ao médico. "Foi o infectologista Davi Uip quem sugeriu, quem recomendou ao ministro da Saúde que distribuísse o medicamento (cloroquina) na rede publica do País. Quero deixar claro que quem decide como, quando, onde e com quem aplicar é o médico. Não é o governador".