Em SP, prefeituras se dividem entre Bolsonaro e de Doria

Municípios seguem direcionamentos opostos quanto à abertura de estabelecimentos não essenciais

13 mai 2020 - 08h27
(atualizado às 08h52)

Enquanto a prefeitura de Guararapes, na região noroeste do Estado de São Paulo, reabriu salões de beleza, barbearias e academias de ginástica, a de Ilha Comprida, no litoral sul paulista, instalou barre

ompanham decisões em sentidos opostos tomadas pelos governos estadual e federal.

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O presidente Jair Bolsonaro editou decreto que incluiu academias de ginástica, salão de beleza e barbearia como serviços essenciais. No entanto, em São Paulo, ainda não há decisão sobre o assunto e continua válida a quarentena implementada pelo governador João Doria, que só permite o funcionamento de serviços essenciais.

Os atos mostram prefeitos divididos entre seguir as diretrizes do governo paulista, de manter o isolamento social, ou acompanhar as decisões de Bolsonaro, pela volta da atividade econômica. No decreto de Guararapes, cidade de 33 mil habitantes, o prefeito Tarek Dargham (PTB) informou que estava apenas adequando a legislação local ao decreto presidencial. Ele alega que também atendeu determinação do governo do estado, estendendo a quarentena até 31 de maio e obrigando o uso de máscara em todo o município, que tem 11 casos da doença.

O decreto da prefeitura de Ilha Comprida libera a entrada de donos de imóveis de temporada pelo período máximo de 32 horas e limitado a duas pessoas por família. O interessado precisa retirar um formulário ao passar pela barreira e devolver preenchido em sua saída da ilha. A prefeitura alega ter levado em conta o alerta do governo estadual sobre a rápida expansão da doença no interior e litoral de São Paulo. O número de inifectados dobrou em 11 dias e 64% das cidades já têm casos, enquanto 177 já registram óbitos. Ilha Comprida já tem um óbito e 24 casos confirmados.

A prefeitura instalou barreiras no acesso a Ilha Comprida para controlar a entrada de donos de imóveis de temporada
A prefeitura instalou barreiras no acesso a Ilha Comprida para controlar a entrada de donos de imóveis de temporada
Foto: Prefeitura de Ilha Comprida / Divulgação / Estadão Conteúdo

Na mesma direção, a prefeitura de Itatiba colocou uma unidade móvel, nesta terça, 12, para fazer testes rápidos em moradores com sintomas da doença. Preocupada com o avanço da doença - a cidade tem 75 positivos e 2 óbitos - a prefeitura reforçou as seis barreiras sanitárias nos acessos. Mais de 300 pessoas que passaram pelas barreiras e, submetidas à medição de temperatura, acusaram febre, estão sendo encaminhadas para testes. A prefeitura alega que avanço da doença exige que o isolamento social seja reforçado.

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O município de Tupã iniciou nesta terça a reabertura do comércio não essencial, depois que a prefeitura conseguiu uma liminar na justiça contra a quarentena estadual. Já foram reabertos salões de beleza, comércio geral, incluindo lojas de roupas e papelaria, e prestadores de serviços. Nesta quarta-feira, 13, retomam as atividades bares e restaurantes, inclusive para consumo local. Missas e cultos começam a funcionar no sábado, 16. A reabertura se antecipou ao Plano de São Paulo, do governo, que prevê a flexibilização gradual da quarentena. A cidade tem nove casos e um óbito.

O prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth (PSDB) anunciou na terça que vai autorizar o funcionamento de salões de beleza e academias de ginástica, com base no decreto do presidente Bolsonaro que considera essas atividades essenciais. A regra local deve ser publicada nesta quarta, 13. A cidade já soma 367 casos e 17 mortes pela doença. Ramuth enfrenta uma "queda de braço" com o governo estadual em medidas para flexibilizar o comércio. A maioria das cidades da região mantém a quarentena.

Um estudo coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e publicado no último dia 6 defendeu a necessidade de uma ação conjunta das cidades de uma mesma região para controlar a expansão do coronavírus. O modelo foi aplicado em 39 cidades do Vale do Paraíba e Litoral Norte, que têm São José dos Campos como referência.

De acordo com o pesquisador Miguel Monteiro, do Inpe, o estudo mostrou que as ações isoladas de cada município são insuficientes para deter o vírus. A pesquisa destaca a necessidade de criação de um comitê técnico-científico independente para orientar estratégias cooperativas entre os municípios. O estudo indicou que os municípios com menos casos estão fortemente conectados a São José dos Campos, com quantidade significativa de casos, por isso, as medidas adotadas nas cidades maiores refletem nas menores.

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Epicentro da doença no País, São Paulo já acumula 3.949 mortes e 47.711 casos confirmados.

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