Escolas da cidade de SP não reabrem em setembro, diz Covas

Inquérito sorológico motivou a decisão do prefeito tucano para a capital paulista

18 ago 2020 - 14h45

O inquérito sorológico realizado pela Prefeitura de São Paulo com 6 mil estudantes entre 4 e 14 anos da rede municipal apontou que 16,1% têm anticorpos para o novo coronavírus. Do total, 64 4% são assintomáticos para a covid-19, dado que preocupa a gestão pela possibilidade de disseminação.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes
Foto: Divulgação/Governo do Estado de SP / Estadão Conteúdo

O levantamento motivou o prefeito Bruno Covas (PSDB) a descartar um retorno em setembro em todas as redes de ensino, mesmo com liberação do governo estadual, por identificar as crianças e adolescentes sem sintomas como potenciais disseminadores da doença. A volta às aulas em outubro ainda será avaliada a partir de dados de outros três inquéritos, que incluirão também alunos de instituições privadas e estaduais e informações de contaminação dentro das mesmas famílias.

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"O retorno às aulas dessas crianças seria temerário em uma momento desses, que estamos controlando a doença em São Paulo", disse Covas durante coletiva de imprensa nesta terça-feira, 18. "Nesse momento, a volta às aulas representaria, pelo o que pensa a Secretaria da Saúde, a Vigilância Sanitária, um grande vetor de contaminação, ampliação e disseminação da doença na cidade."

Para o prefeito, medidas para evitar a contaminação são mais difíceis de terem sucesso no ambiente escolar. "É muito mais complicado manter o distanciamento dentro da sala de aula, da escola, do que em bares, restaurantes, supermercados, lojas, estabelecimentos já autorizados para o retorno."

Outro dado que preocupa a Prefeitura é a estimativa que 25,9% dos alunos da rede municipal moram com pessoas acima dos 60 anos grupo de risco da covid-19. "Estamos falando de 250 mil crianças que moram muito provavelmente com avôs, avós, tios e tias com mais de 60 anos e, portanto, podem agravar disseminação da doença nessa faixa etária da população, que é a que tem o risco de maior vulnerabilidade", ressaltou Covas. "Retomar as aulas nesse momento, para a Prefeitura de São Paulo, significaria a ampliação do número de casos, a ampliação - em consequência - do número de internações e do número de óbitos."

O prefeito exemplificou que seria pouco eficaz fazer medição de temperatura na porta das escolas, pois a maioria dos casos são assintomáticos. "Não vai apresentar que está febril, não vai mostrar que está com febre, mas vai estar contaminada, às vezes com a mesma carga viral de um adulto", afirmou. "Portanto, algumas medidas de restrição não serão aplicáveis, já que dois terços é de assintomáticos, um número maior do que mostra o inquérito sorológico da população como um todo (de 42,5% em pessoas com 18 anos ou mais)."

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O inquérito colheu amostras de sangue venoso (com extração de soro) de 2 mil alunos do ensino infantil, 2 mil do ensino fundamental I e outros 2 mil do ensino fundamental II, todos escolhidos de forma aleatória. O procedimento ocorreu entre 6 e 10 de agosto. Ao todo, a rede municipal tem 675.922 matriculados entre 4 e 14 anos.

Pela margem de erro, a prevalência varia entre 14,7% e 17,5%. Na divisão por etapas de ensino, houve pequena variação: 16,5% entre alunos de 4 e 5 anos, 16,2% entre aqueles de 6 a 10 anos e 15,4% para os de 11 a 14 anos. "Os pais saíram para trabalhar, voltam do trabalho, passam a contaminação para as crianças, que são assintomáticas e colocam em risco os idosos com quem convivem nas casas", apontou o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido.

Como apontado nos inquéritos com adultos, a doença atingiu mais alunos pretos e pardos (17,8%) do que brancos (13,7%). Do total de crianças e adolescentes ouvidos, 74,1% fizeram distanciamento total, enquanto 24,1% praticaram parcialmente e 1,8% não realizou. Além disso, 76,7% utilizam "sempre" máscaras em local público, 14,1% usam "a maioria das vezes", 5,7% usam "de vez em quando", 1,5% não utiliza e 2,1% não frequenta espaço público.

"Esses dois dados são muito importantes porque mostram que, mesmo com a adesão ao distanciamento e a adesão ao uso das máscaras, nós tivemos um contingente bastante expressivo de crianças que tiveram o vírus e se mostraram assintomáticas", destacou o secretário.

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Esse foi o quinto inquérito sorológico divulgado pela gestão municipal. Os demais foram focados na população adulta. O último divulgado em 13 de agosto, apontou que 10,9% da população maior de 18 anos tinha anticorpos para o novo coronavírus.

Governo de SP permite reabertura em setembro, mas decisão é das prefeituras

A reabertura de escolas está permitida pelo governo estadual para a partir de 8 de setembro nas regiões que estão em fase amarela há mais de 28 dias, caso da cidade de São Paulo. Durante o anúncio da medida, o governador João Doria (PSDB) chegou a ressaltar que o retorno é opcional e decidido pelas prefeituras.

A retomada em setembro é focada em atividades de acolhimento, recuperação, atividades físicas, tutoria e aulas em laboratório, enquanto a data oficial de retorno é 7 de outubro. O funcionamento está condicionado ao cumprimento de protocolos sanitários.

Segundo Covas, a Secretaria Municipal de Educação anunciará novas medidas nesta semana para atender as crianças da rede municipal com atividades à distância nas próximas semanas.

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