Para cumprir a promessa de imunizar antecipadamente sua população adulta contra a covid-19, Estados que anunciaram a medida vão precisar pelo menos dobrar o número de pessoas vacinadas por dia. É o que aponta levantamento do Estadão que compara a atual cobertura vacinal com as novas metas divulgadas pelos governos locais.
Ao menos 12 unidades federativas projetam aplicar mais cedo a primeira dose em todos os maiores de 18 anos, com datas finais que variam entre agosto e o fim de outubro. Inicialmente, a previsão era concluir a vacinação até o fim do ano.
Para antecipar o prazo, esses Estados alegam ser preciso receber os repasses previstos pelo Ministério da Saúde, que planeja distribuir 213,3 milhões de doses até setembro.
Com a nova alta de mortes pelo vírus, o Brasil voltou a superar a média de duas mil vítimas esta semana, e precisa acelerar a imunização para conter a pandemia.
Pesquisadores avaliam que, apesar de ser possível cumprir os novos cronogramas, a estratégia corre risco de falhar se houver falta de adesão de público ou atrasos importantes na entrega de lotes previstos pelo governo federal.
Também alertam que, em alguns locais, a antecipação do calendário pode ser resultado da baixa cobertura vacinal em grupos prioritários até o momento.
Com população adulta estimada em 6,9 milhões, o Ceará começou a imunizar a faixa etária entre 55 e 59 anos e é quem tem a previsão mais otimista de encerrar a primeira rodada da campanha no País: até 25 de agosto. Em contrapartida, também é a unidade que vai precisar acelerar mais o ritmo de vacinação para o cronograma prometido dar certo.
Dados do consórcio de veículos de imprensa apontam que o Ceará havia aplicado cerca de 2 milhões de primeiras doses até o início desta semana, índice que representa 30% do público-alvo. Para atender os 70% restantes, portanto, a média diária de vacinados tem de praticamente quintuplicar: passando de 14 mil para 66,4 mil por dia.