Estudo mostra danos cognitivos para 50% dos curados da covid

Pesquisadores mostraram que quase um paciente em cada cinco (18%) apresentou distúrbio de estresse pós-traumático, por exemplo

21 jun 2021 - 12h38
(atualizado às 12h53)
Estudo analisou 49 pacientes que foram internadas por Covid-19
Estudo analisou 49 pacientes que foram internadas por Covid-19
Foto: ANSA / Ansa

Um estudo realizado na Itália mostrou que uma a cada duas pessoas que contraíram a covid-19 e foram hospitalizadas, mesmo que com casos leves ou moderados, apresentaram problemas cognitivos ou distúrbios após se recuperarem da doença. A pesquisa foi divulgada nesta segunda-feira, 21, pela Academia Europeia de Neurologia (EAN).

O estudo foi liderado pelo diretor da Unidade de Neurologia do Hospital San Raffaele, de Milão, e professor da Universidade Vita-Salute San Raffaele, Massimo Filippi, e contou com a participação de 49 voluntários com diagnóstico positivo para o coronavírus Sars-CoV-2.

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"O nosso estudo confirmou problemas cognitivos significativos e psicopatológicos associados à infecção por covid-19 que persistiram por diversos meses após a remissão da doença", disse Filippi ao apresentar a pesquisa.

Cada voluntário foi submetido a uma extensa avaliação neuropsicológica e a uma ressonância magnética dois meses após a remissão, ou seja, quando a doença está sob controle e não apresenta mais sintomas.

Os pesquisadores mostraram que quase um paciente em cada cinco (18%) apresentou distúrbio de estresse pós-traumático, 16% tiveram distúrbios depressivos, 16% apresentaram problemas de funções executivas, como problemas de planejamento e velocidade de elaboração de informações, 6% tiveram problemas de memória de longo prazo e outros 6% tiveram problemas de natureza visual-espacial. Cada pessoa pode ter mais de um sintoma.

"Uma descoberta inesperada é que as mudanças nas funções executivas por nós analisadas, que podem fazer com que seja difícil se concentrar, planejar, pensar ou lembrar, atingem até 3 pacientes em cada 4 na faixa etária entre 40 e 50 anos. Falamos de pacientes hospitalizados, mas muitos com casos moderados", acrescentou a pesquisadora e que fez parte do estudo, Elisa Canu.

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Os cientistas, porém, não conseguiram determinar se as alterações neuropsicológicas estão diretamente ligadas à infecção ou são uma consequência indireta dela, assim como falta entender se esses danos serão permanentes.

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