Embora tenha a previsão de fazer estudos da ButanVac de forma comparativa com a CoronaVac, o Instituto Butantan vai começar os ensaios clínicos da nova vacina contra a covid-19 usando grupos que receberão placebo.
Na primeira etapa dos estudos com humanos, serão convocados 418 voluntários. O requisito é ter mais de 18 anos, não ter tomado a vacina da covid nem ter se infectado. Serão selecionados preferencialmente voluntários em Ribeirão Preto (SP).
"São pessoas virgens de exposição a antígenos do vírus. Nem tiveram a infecção pelo vírus nem foram vacinadas", explica Rodrigo de Saloma Rodrigues, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto e coordenador dos estudos clínicos da ButanVac.
Por causa do avanço do calendário de vacinação no País, os testes com esse grupo não podem demorar. "Não seria ético privar parte dos voluntários da pesquisa de um tratamento eficaz quando esse tratamento já existe", explica Francisco Paumgartten, professor da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. O governo paulista prevê aplicar a 1.ª dose em todos os adultos até 15 setembro.
Do fim da fila
Segundo Rodrigues, já teve início o cadastro de voluntários, selecionados de um banco de mais de 90 mil interessados. Nesta semana, a expectativa é chamar o grupo para uma triagem e coleta de exames laboratoriais. Na próxima semana, a previsão é de retorno dos voluntários para a vacina (ou placebo). A 2ª injeção seria aplicada 28 dias após a 1ª dose.
Na etapa seguinte, a pesquisa se amplia para pessoas de 18 a 60 anos e passa a incluir aqueles já vacinados contra a covid-19 pela campanha nacional. O grupo de voluntários aumenta para 5 mil e todos receberão alguma vacina: ou a CoronaVac ou a ButanVac - eles não saberão qual. Pessoas já vacinadas com algum imunizante diferente, como AstraZeneca ou Pfizer, também poderão participar como voluntários da pesquisa.
Segundo Rodrigues, a ButanVac tem três desenhos diferentes: um para combater o coronavírus "original" e os outros dois para atacar as variantes Gama e Beta (a de Manaus, predominante no Brasil, e a sul-africana). Após uma sequência de adiamentos - inicialmente, a promessa era aplicar a ButanVac na população em julho - a previsão agora é concluir os estudos este ano.
"Rezo todo dia para terminar esse desenvolvimento (da ButanVac) antes do fim do ano", afirmou o diretor do Butantan, Dimas Covas.