O presidente Jair Bolsonaro repetiu, nesta terça-feira, 30, como tem feito desde o início da pandemia, o discurso de que não é o responsável por políticas de fechamento de setores econômicos adotadas no País para evitar o avanço da covid-19. "Eu não fecho nada, eu não fecho nada. A vida é tão importante quanto a questão do emprego", disse a apoiadores. Na saída do Palácio da Alvorada, o presidente ouviu queixas de um simpatizante sobre os fechamentos praticados em alguns Estados para evitar a disseminação do novo coronavírus.
Ao contrário da retórica de Bolsonaro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o distanciamento social e medidas de isolamento como forma de prevenir o maior contágio pelo vírus. Bolsonaro, contudo, é crítico a essa estratégia pelo seu impacto na atividade econômica. Por esse motivo, ao longo da pandemia, o chefe do Executivo antagonizou governadores e prefeitos que adotaram medidas de fechamento.
O presidente chegou a entrar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra os governos do Distrito Federal, Bahia e Rio Grande do Sul para derrubar decretos de "toque de recolher" à população adotados pelos governadores. A ação foi rejeitada pelo ministro Marco Aurélio Mello na semana passada.
A ação apresentada por Bolsonaro foi também um dos motivos para a saída de José Levi da Advocacia-Geral da União (AGU) anunciada ontem junto de outras cinco mudanças no governo. Levi se recusou a assinar a ação apresentada por Bolsonaro para derrubar decretos de toque de recolher.
O processo foi movido pelo próprio presidente e não pela AGU, que é responsável por representar judicialmente os interesses do Planalto perante o STF. Na avaliação do ministro Marco Aurélio caberia à AGU formalizar o pedido e, por isso, rejeitou o recebimento da ação.
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