FMI eleva projeção de crescimento do PIB do Brasil este ano

Segundo o Fundo Monetário Internacional, revisão foi motivada por resultados mais favoráveis da economia do País no primeiro trimestre e pela melhora do comércio internacional

27 jul 2021 - 11h01
(atualizado às 11h05)

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou a projeção de crescimento do Brasil de 3,7% para 5,3% em 2021, mas reduziu a previsão para 2022, de 2,6% para 1,9% na revisão de julho do relatório Perspectiva Econômica Mundial. No documento, o FMI melhorou algumas estimativas de indicadores fiscais do País para este ano, influenciados pelo avanço do Produto Interno Bruto (PIB).

31/03/2021
REUTERS/Alexey Malgavko
31/03/2021 REUTERS/Alexey Malgavko
Foto: Reuters

O déficit público nominal como proporção do PIB deve atingir 6,3%, abaixo dos 8,3% comunicados em abril, e a dívida pública bruta deve alcançar 91,8% na mesma base de comparação, marca inferior aos 98,4% divulgados anteriormente.

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A revisão das projeções do Fundo trouxe somente novas estimativas sobre o PIB de países e alguns números relativos às suas contas públicas, sem tratar de outros indicadores, como projeções para inflação, déficit de transações correntes e taxa de desemprego.

O FMI destacou que, no caso do Brasil, a elevação da projeção de crescimento para este ano foi motivada em boa medida por resultados mais favoráveis do PIB no primeiro trimestre e por elevação dos termos de trocas do comércio internacional, que beneficia o País particularmente com a elevação das cotações de commodities - produtos básicos, como alimentos, minério de ferro e petróleo, que são pilares da pauta de exportação brasileira.

"A recuperação ocorreu antes do que o antecipado em 2021. O Brasil é um dos países que está se beneficiando pela alta de preços de commodities e da retomada de grandes parceiros comerciais como EUA e China", destacou a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath , na apresentação do relatório. "Há também contratempos, pois a pandemia não terminou no mundo. O Brasil passa por uma terceira onda de covid-19 que ainda não cessou."

O Fundo apontou que no Brasil, bem como em outros mercados emergentes, como Hungria, México e Rússia, os seus respectivos bancos centrais começaram a elevar as taxas básicas de juros para conter pressões de alta dos índices de preços ao consumidor.

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O relatório ressaltou também que Brasil e Índia propuseram a adoção de medidas fiscais para mitigar as consequências econômicas de "ondas recorrentes de infecções" causadas pela transmissão do coronavírus.

Economia global

Para o crescimento global, o FMI manteve a projeção de avanço de 6,0% em 2021 e elevou a previsão de expansão de 4,4% para 4,9% em 2022. As estimativas ocorrem em uma conjuntura global marcada por recuperação desigual do nível de atividade de países, um reflexo direto da vacinação contra o coronavírus, mais rápida nas nações avançadas, mas ainda lenta nos mercados emergentes em geral.

O FMI aumentou suas projeções para a expansão do comércio mundial em volumes de mercadorias e serviços, que subiram de 8,4% para 9,7% em 2021 e de 6,5% para 7,0% no próximo ano.

A economista-chefe da entidade apontou que o PIB mundial está em recuperação, "mas há grandes defasagens de progressos entre economias avançadas e emergentes, que está relacionada com diferenças no processo de vacinação" contra a covid-19 em termos globais.

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"Cerca de 40% da população em economias avançadas estão totalmente vacinadas, enquanto esse número é de somente 11% em mercados emergentes", destacou. Segundo Gita Gopinath, "uma ação multilateral é essencial para combater a pandemia com vacinas e remédios", sobretudo porque há desigualdade no processo de imunização contra o coronavírus em nível internacional e "é preciso mudar."

Ela destacou que a "variante delta é uma preocupação importante e pode gerar risco para economia mundial." A economista também apontou que a inflação deve continuar alta em países emergentes no próximo ano com pressões de alta de preços, como commodities, e depreciação cambial.

O Fundo incrementou as previsões do PIB dos EUA de 6,4% para 7,0% neste ano e de 3,5% para 4,9% em 2022, sobretudo com o bom desempenho da campanha nacional de imunização contra a covid-19 e também devido ao apoio das políticas fiscais adotadas pelo governo do presidente Joe Biden, que inclusive têm perspectivas favoráveis para a aprovação pelo Congresso em Washington de um substancial pacote de investimentos em infraestrutura.

A estimativa para o crescimento da China este ano passou de 8,4% para 8,1%, especialmente por causa da diminuição de estímulos do governo à demanda. A projeção de expansão do país asiático para 2022 foi ampliada de 5,6% para 5,7%.

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Para a zona do euro, a instituição multilateral aumentou de forma gradual a previsão de alta do PIB de 4,4% para 4,6% neste ano, com uma retomada econômica com mais obstáculos, causada em boa medida pela vacinação menos ágil do que nos EUA, especialmente no primeiro trimestre, e com o expressivo número de casos de pessoas contaminadas pela variante delta da covid-19. O Fundo espera que a região terá uma expansão mais promissora do que o antes esperado para 2022, pois elevou a estimativa de 3,8% para 4,3%.

Em relação ao Japão, o FMI reduziu a expectativa de crescimento de 3,3% para 2,8% em 2021 por causa do "aperto das restrições na primeira metade deste ano com o aumento de casos" de coronavírus. Contudo, avalia que a imunização deve permitir uma recuperação mais forte do país em 2022, o que o levou subir a projeção de PIB de 2,5% para 3,0%.

O peso da vacinação

O FMI alerta que a imunização global contra o novo vírus é essencial para a recuperação mundial e aponta que há riscos de redução do crescimento global em dois cenários alternativos.

Em um deles, o Fundo considera que novas variantes da covid-19 podem gerar ondas de infecções em mercados emergentes e economias em desenvolvimento na segunda metade de 2021, com o aumento limitado da vacinação nesses países, o que provocaria mais restrições sociais na segunda metade deste ano e no início de 2022.

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Nesse contexto, a previsão para o crescimento global baixaria perto de 0,75 ponto porcentual em 2021 e mais de 1,5 ponto porcentual no próximo ano. Ocorreria um custo acumulado na produção mundial próxima a US$ 4,5 trilhões até 2025, sendo que perto de US$ 3,5 trilhões em mercados emergentes e países em desenvolvimento.

No segundo cenário, o FMI pondera que novas variantes infecciosas elevarão riscos de desaceleração não somente em países em desenvolvimento com baixa imunização, mas também em economias avançadas onde muitas pessoas que hesitam em tomar a vacina contra a covid-19 podem provocar diminuição do ritmo do combate à doença, com volta de restrições sociais. "Em países com cobertura elevada de vacinação, como Reino Unido e Canadá, o impacto poderia ser moderado, enquanto (nações) com defasagem de imunização, como Índia e Indonésia, poderiam sofrer mais entre as economia do G20."

Com base nessas premissas, o Fundo estima que o crescimento global poderia ser menor em 0,8 ponto porcentual em 2021 e 2022, sendo que seria diminuído ao redor de 1 ponto porcentual em países emergentes em ambos os anos. O FMI estima que o custo ao PIB mundial seria pouco inferior a US$ 4,5 trilhões até 2025, com aumento das perda de economias avançadas, que poderiam superar US$ 2,5 trilhões em termos acumulados.

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