Governadores de vários Estados atuaram de forma coordenada, nos últimos dias, para dividir experiências e compartilhar medidas de enfrentamento ao avanço do coronavírus. Não combinaram o jogo com o presidente Jair Bolsonaro. Ao contrário: diante da perda de popularidade, Bolsonaro é que foi obrigado a recuar, anunciando ações de socorro aos Estados.
Em grupos de WhatsApp, chefes de Executivos trocaram mensagens sobre como agir na crise e praticamente ignoraram Bolsonaro. Agiram assim após serem atacados pelo presidente, que havia acusado alguns deles, especialmente João Doria (PSDB), de São Paulo, e Wilson Witzel (PSL), do Rio, de usarem a Covid-19 para um revide com cunho político-eleitoral.
Além disso, governadores conversaram sobre pedir ajuda à China. A decisão foi tomada após o mal-estar provocado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, que culpou o país asiático pela pandemia.
Doria chegou a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para adiar o pagamento da dívida de São Paulo. Após decisão favorável, outros Estados já se preparavam para tomar a mesma atitude, mas Bolsonaro se antecipou e incluiu a suspensão dos débitos, no pacote de socorro.
"Foi um passo positivo, porém ainda há dúvida, porque muita coisa depende de projetos", afirmou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), após participar, na última segunda, 23, de videoconferência promovida por Bolsonaro com governadores do Norte e do Nordeste. "Esse é um momento de unidade do Brasil", disse o governador do Ceará, Camilo Santana (PT).