Governadores querem definir com OMS estratégia sobre vacina

Mobilização dos chefes dos Estados ocorre após Bolsonaro manifestar resistência ao imunizante chinês; outra aposta é diálogo com o Congresso

31 out 2020 - 05h03
(atualizado às 08h15)

O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), está articulando uma reunião com Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da oficina regional para as Américas da Organização Mundial da Saúde (OMS), para tratar sobre a vacina contra covid-19. Os chefes dos Estados se mobilizam após o presidente Jair Bolsonaro manifestar resistência à compra da Coronavac, imunizante desenvolvido em parceria do laboratório chinês Sinovac e do Instituto Butantã, de São Paulo.

Wellington Dias está articulando encontro entre governadores
Wellington Dias está articulando encontro entre governadores
Foto: Marcelo Cardoso / Futura Press

Dias foi escolhido por seus pares, no Fórum dos Governadores, para ser o porta-voz nas articulações sobre o produto que, apesar de ainda não existir com eficiência cientificamente comprovada, já tem motivado ações judiciais e impasses envolvendo os governos estaduais e federal. A ideia é definir uma linha para o desenvolvimento da vacina, no Brasil, alinhada com o trabalho da OMS em todo o mundo.

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Na semana que vem, os governadores vão se reunir com os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para tratar do assunto. A intenção é tentar encontrar caminhos pelo Legislativo para garantir o desenvolvimento pleno das pesquisas em curso no Brasil e, assim que houver aprovação dos órgãos legais, sua distribuição.

Maia tem dito que não se pode deixar espaço para que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida sobre questões ligadas ao medicamento. Para o presidente da Câmara, o Congresso e o poder Executivo devem tomar a dianteira nessa discussão sobre a obrigatoriedade da vacina. Já o presidente da Corte, ministro Luiz Fux, disse prever uma judicialização "importante" e "necessária" em relação ao tema.

Há, atualmente, dois principais impasses envolvendo a vacina no Brasil. Um é se o medicamento deverá ser obrigatório ou não. O presídente é contrário a qualquer plano de impor a vacinação. O outro é sobre a resistência à Coronavac.

Bolsonaro já repetiu algumas vezes que não vai comprar essa vacina específica pela sua nacionalidade. O domicílio eleitoral do medicamento, que é o Estado governado por João Doria (PSDB), também é um ponto que afasta o presidente da vacina chinesa. Dependendo do curso das pesquisas, esse produto pode ser aprovado antes do imunizante que está sendo desenvolvido pela farmacêutica britânica AstraZeneca e a Universidade de Oxford, que tem parceria com a FioCruz e o apoio de Bolsonaro.

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Os governadores querem que, independentemente da origem da vacina, todas as pesquisas sejam incentivadas pelo governo e possam ser distribuídas para os brasileiros gratuitamente, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em entrevista à revista Veja, publicada nesta sexta-feira, o vice-presidente Hamilton Mourão contradisse Bolsonaro e garantiu que o governo comprará a vacina feita pelo Butantã. "É lógico que o governo federal vai comprar doses do imunizante". "Já colocamos os recursos no Butantã para produzir essa vacina. O governo não vai fugir disso aí", afirmou Mourão à Veja.

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