Governo diz que aguarda Anvisa liberar outra vacina nacional

Um dos imunizantes será produzido pela USP de Ribeirão Preto e aguarda apenas autorização da Anvisa para começar a ser testado em humanos

26 mar 2021 - 16h25
(atualizado às 17h33)

No mesmo dia em que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que o Instituto Butantan vai pedir autorização para iniciar os testes clínicos da ButanVac, uma possível nova vacina contra a covid-19, o governo federal também informou que outros imunizantes nacionais estão em estágio avançado. Segundo o ministro de Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, um deles, desenvolvido pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da USP, aguarda apenas autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para começar a ser testado em humanos.

Coletiva de imprensa com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, e com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga
Coletiva de imprensa com o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, e com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga
Foto: Anderson Riedel/PR

"O ministério de Ciência e Tecnologia investiu em 15 protocolos, 15 tecnologias diferentes aqui no Brasil", afirmou. "Três dessas vacinas entraram em pré-testes, já fizeram os testes em animais, e agora estão entrando na fase de testes com voluntários, testes clínicos", disse Pontes, em entrevista no Palácio do Planalto ao lado do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

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No caso da vacina desenvolvida no interior de São Paulo, segundo Pontes, o pedido de aval da Anvisa para os testes clínicos foi apresentado nesta quinta-feira, 25. Na primeira fase, o novo imunizante deve ser aplicado em 360 voluntários.

O ministro disse ainda que deve levar cerca de três meses para para concluir as fases 1 e 2 e depois há outro cronograma para a fase 3, quando o imunizante é testado em um número maior de pessoas.

Os estudos em Ribeirão Preto são coordenados pelo professor Célio Lopes Silva, do do Departamento de Bioquímica e Imunologia da FMRP. Segundo publicação do Jornal da USP, o projeto tem como objetivo desenvolver uma vacina nanoparticulada. O pesquisador disse à publicação que os testes prévios de eficácia mostraram que a vacina protegeu os animais infectados. Agora, está em andamento o teste de toxicidade.

Um dossiê com os resultados foi enviado à Anvisa em fevereiro e, após uma primeira análise, a agência devolveu o pedido para ajustes. A pesquisa é financiada com recursos do Ministério da Ciência e Tecnologia.

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O anúncio feito por Pontes ocorre num momento em que o governo é pressionado a acelerar a campanha de imunização no País e o presidente Jair Bolsonaro é criticado pela demora em adquirir vacinas. Até esta quinta-feira, 25, menos de 7% da população havia recebido ao menos uma dose, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa.

Preocupado em evitar ganhos políticos de Doria, seu adversário político, Bolsonaro chegou a dizer que não compraria a CoronaVac, vacina chinesa produzida no Brasil pelo Butantan, ligado ao governo paulista. Meses depois, precisou recuar. O presidente também desdenhou do produto da Pfizer e colocou obstáculos para fechar contrato com a farmacêutica, o que só ocorreu neste mês.

Na entrevista, Pontes afirmou que o anúncio de hoje não teve nenhuma relação com o fato de Doria também ter anunciado uma vacina nacional hoje. "Coincidência", disse ele.

Para o ministro, o desenvolvimento de uma vacina nacional contra a covid-19 é uma estratégia de soberania. "Vimos as dificuldades que tivemos com importação", afirmou. A entrevista de Pontes e Queiroga, porém, não estava prevista e a imprensa foi chamada apenas uma hora antes de começar.

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O ministro da Saúde, por sua vez, admitiu que o ritmo de vacinação no País está aquém da expectativa e reafirmou o compromisso de ampliar de cerca de 300 mil para 1 milhão de doses aplicadas diariamente.

"Em proporção (à população), ainda não estamos vacinando como queremos", disse, com a ressalva de que, em números absolutos, o Brasil é o 5.º no mundo que mais vacinou.

A meta de vacinar um milhão de pessoas por dia depende mais da chegada das doses do que a capacidade da rede pública. Em 2019, por exemplo, foram vacinadas 5,5 milhões de pessoas contra a gripe no "dia D", feito em maio. Já em 2010, a campanha de vacinação contra a H1N1 vacinou 81 milhões de pessoas em 3 meses. A expectativa do Ministério da Saúde é receber 38 milhões de unidades de imunizantes contra a covid-19 no mês que vem.

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