O último relatório anual do Departamento de Saúde dos Estados Unidos, elaborado ainda no governo de Donald Trump, afirma que o país agiu para persuadir o Brasil a rejeitar a vacina russa anti-Covid Sputnik V.
O documento é assinado pelo ex-secretário de Saúde Alex Azar e diz que o Gabinete de Assuntos Globais (OGA, na sigla em inglês) do departamento usou "relações diplomáticas na região das Américas para mitigar esforços de Estados, incluindo Cuba, Venezuela e Rússia, que estão trabalhando para aumentar sua influência em detrimento da segurança dos EUA".
Segundo o relatório, o OGA agiu em coordenação com outras agências do governo para "fortalecer laços diplomáticos e oferecer assistência técnica e humanitária para dissuadir países da região de aceitar auxílio desses Estados mal-intencionados".
"Entre os exemplos estão o uso do Adido de Saúde da OGA para persuadir o Brasil a rejeitar a vacina russa contra a Covid-19 e o oferecimento de assistência técnica do CDC [Centro de Controle e Prevenção de Doenças] ao Panamá, no lugar de aceitar uma oferta de médicos cubanos", afirma o documento.
O relatório está disponível desde janeiro, mas ganhou destaque na última segunda-feira (15), após ser divulgado na conta oficial relativa à Sputnik V no Twitter. "Os países devem trabalhar juntos para salvar vidas. Os esforços para minar as vacinas são antiéticos e custam vidas", afirma o perfil do imunizante na rede social.
Na última segunda, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, divulgou um cronograma de entrega de vacinas anti-Covid que prevê a chegada de 10 milhões de doses da Sputnik V ao Brasil, sendo 400 mil em abril, 2 milhões em maio e 7,6 milhões em junho.
A aquisição será feita através do laboratório brasileiro União Química, que ainda não apresentou pedido de registro do imunizante à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Além disso, um consórcio de governadores do Nordeste anunciou a compra de mais 37 milhões de doses da Sputnik V.