Tradicionalmente em agosto as atividades nos barracões das escolas de samba do Grupo Especial do Rio começam a se intensificar, seguindo assim um cronograma que funciona há décadas. Desta vez, no entanto, como ninguém sabe dizer ao certo se o ponto alto da festa do carnaval carioca será realizado em 2021, há uma clara ameaça de que pelo menos 5 mil pessoas fiquem sem trabalho neste segundo semestre.
A razão disso é a pandemia da covid-19, e a falta de perspectiva de uma vacina, a curto prazo, para combater o novo coronavírus.
São costureiras, ferreiros, carpinteiros, pintores, escultores, decoradores, aderecistas, chapeleiros, cenógrafos, porteiros, faxineiros, eletricistas e soldadores. Todos eles compõem um batalhão de apaixonados pelo que fazem, em troca de remunerações que lhes ajudam a se manter, em geral, até o mês da apresentação das escolas na Sapucaí.
As 13 agremiações do Grupo Especial contam, juntas, com mais de 100 costureiras, responsáveis diretas pela confecção das fantasias. Várias delas estão tocando outro projeto já faz dois meses – aproveitam retalhos e tecidos diversos dos barracões para fazer máscaras protetoras, distribuídas em seguida às respectivas comunidades de suas escolas.
Com o corte da ajuda oficial para os desfiles, por determinação do prefeito Marcelo Crivella, as escolas vivem basicamente da bilheteria de ensaios, shows e almoços regulares em suas quadras. As restrições às aglomerações têm impedido isso.
Diante desse cenário de incertezas, dirigentes dessas agremiações querem que a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) defina no máximo até agosto se haverá desfile no carnaval de 2021 – uma alternativa em discussão seria adiá-lo para o feriado de Corpus Christi, em junho, algo hoje considerado pelos sambistas como bastante improvável.