O presidente do Instituto Serum da Índia, Adar Poonawalla, informou que o governo do país vetou a exportação de doses da vacina anti-covid criada pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca - que foi aprovada para uso emergencial no último sábado (02). A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já trabalha nos bastidores para tentar reverter a decisão indiana (saiba mais aqui).
Segundo uma entrevista de Poonawalla à agência de notícias Associated Press, a proibição da venda internacional foi uma das condições para que a AZD 1222 recebesse a autorização de emergência no país.
Assim, o governo quer garantir ao menos 100 milhões de doses nesse primeiro momento para vacinar os grupos prioritários e o imunizante não poderá ser vendido por cerca de três meses, no mínimo.
O Instituto Serum é o maior fabricante global de vacinas e fechou contrato com Nova Déli para produzir um bilhão de doses do imunizante contra o coronavírus Sars-CoV-2. Conforme as informações do presidente do grupo, cerca de 60 milhões de frascos já estão prontos. A Índia pagará 2,3 euros por cada dose e elevará o preço de mercado para 12,5 euros da produção nacional.
Com a decisão do governo de Narendra Modi, o Instituto vai ainda atrasar a entrega de milhões de doses de vacinas para o consórcio internacional Covax Facility - que ajudará os países mais pobres a conseguirem ter vacinas anti-covid. Segundo informações, a empresa tinha se comprometido a entregar entre 200 milhões e 300 milhões de doses.
No fim de semana, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) a importar dois milhões de doses da vacina - que será produzida também no Brasil. Com a decisão, é provável que a compra brasileira também tenha que esperar.
Após aprovar a vacina da Oxford/AstraZeneca, que já está sendo utilizada no Reino Unido, o governo também liberou um imunizante nacional, Covaxin, feita pela Bharat Biotech.
Segundo Modi, a liberação de ambas as vacinas "são para uso limitado em situações de emergência" e que foi tomada "para acelerar a marchar para uma nação mais saudável e livre de covid".
Apesar do anúncio do governo, alguns especialistas nacionais criticaram a liberação "rápida" da vacinação dizendo que o imunizante ainda não apresentou dados científicos da última fase de testes.
Conforme dados da Universidade Johns Hopkins, a Índia é o segundo país do mundo em número de casos (10.340.469) - atrás apenas dos Estados Unidos, que tem mais de 20,6 milhões de diagnósticos - e o terceiro em número de óbitos, com 149.649 - atrás dos EUA (351.590) e Brasil (196.018). .