A presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, Kátia Abreu, enviou uma carta ao papa Francisco para pedir apoio do religioso junto a organismos internacionais para que abram as patentes de vacinas contra a covid-19.
Com a medida, o Brasil conseguiria produzir os imunizantes em larga escala e vacinar toda sua população. "Santo Padre, rogo para que, das sacadas do Vaticano, conclame organismos internacionais, governos influentes e grandes empresas privadas a que abram as patentes de vacinas contra a covid-19", escreveu.
Abreu ainda apelou para que todos "compartilhem com os países em desenvolvimento esse medicamento de caráter humanitário".
"Somente assim, Santo Padre, será possível caminhar, na velocidade necessária, rumo à imunização rápida e gratuita de todos os habitantes do planeta, sobretudo os mais pobres. Nesta pandemia global, não haverá solução que não seja plenamente universal", acrescentou.
No documento, a senadora ressalta que o Brasil é o país com maior número de católicos em todo o mundo e já soma mais de 330 mil mortos pela covid-19. Além disso, ela explica que o território brasileiro tem sido atrapalhado pela discórdia e por discussões políticas, principalmente porque as autoridades "espalham a cizânia" em vez de esclarecer e orientar os cidadãos da forma correta para "sobreviver a esta imensa tragédia".
"Discussões pueris, sobre questões que há muito deveriam estar mais do que aplainadas, nos confundem e abatem, escurecendo a consciência de nosso povo", relata.
Kátia Abreu ainda pediu para Jorge Bergoglio que apoie o distanciamento social, com incentivo ao fechamento parcial ou integral de cidades em situação epidemiológica mais grave, além de reforçar a necessidade de medidas sanitárias.
"Imploro ao coração misericordioso de Vossa Santidade para que fale ao povo brasileiro sobre a necessidade do uso de máscaras e da constante higienização das mãos, sobre a importância do distanciamento físico e sobre a importância de manter os ambientes arejado. Fale também, querido e bondoso pastor, sobre como é vital, em casos de crise sanitária aguda, o fechamento parcial ou integral de cidades - chamado 'lockdown" - para evitar que o vírus se disperse e mate ainda mais inocentes", diz trecho do texto.
A brasileira ainda pede para o Pontífice não falar apenas para os católicos, mas também a ortodoxos, protestantes, muçulmanos, budistas, por exemplo, e "àqueles que ainda procuram respostas, para que possam saber que não se trata de uma discussão entre ideologias, entre opções políticas".
A senadora está entre os principais senadores críticos à gestão do governo do presidente Jair Bolsonaro para combater a pandemia de covid-19. Abreu já fez duras críticas contra a lentidão do governo federal de comprar vacinas e declarações de Bolsonaro que incentivam aglomerações.