Como no auge da pandemia de covid-19, pacientes com sintomas de gripe agora estão lotando hospitais e unidades de saúde em várias cidades do Estado de São Paulo. Alguns municípios já preparam a volta das tendas para atender os casos de influenza. Os surtos se espalham pelo interior e a Baixada Santista, agravados pela maior circulação da variante do vírus H3N2, que ainda não é combatida pela vacina. Prefeituras estão destinando unidades de saúde para atendimento exclusivo de pacientes com sintoma gripal.
O secretário de Saúde de Santos, Adriano Catapreta, usou as redes sociais para anunciar a instalação de tendas em frente às Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Leste e Central. Um ginásio poliesportivo será usado como centro de triagem para pacientes com gripe. O local servirá para a triagem dos pacientes com sintomas gripais que procurarem atendimento na UPA da Zona Noroeste, localizada ao lado.
"É significativo o aumento do número de pacientes procurando a rede de saúde da cidade com sintomas gripais. Se aparecerem sintomas, fique em casa e, se eles se agravarem, procure o atendimento médico", recomendou. Ele ressaltou que as internações ainda não aumentaram, pois são, na maioria, casos leves. O município pediu um reforço de 70 mil doses de vacina ao Estado.
Em São José do Rio Preto, o secretário de Saúde, Aldenis Borim, disse que a cidade vive surto de gripe e que os hospitais infantis estão lotados. Ele pediu que a população use máscara, álcool em gel e evite aglomerações. "Estamos praticamente sem vagas (nos hospitais), precisamos de maneira geral que a população colabore para a gente não ter problemas de falta de leitos."
No último fim de semana, o Hospital da Criança e Maternidade de Rio Preto, administrado pelo Estado, registrou lotação máxima nos 30 leitos de UTI e enfermaria por causa de casos de infecções pulmonares. Anteontem, a ocupação na UTI havia recuado para 90% e a enfermaria, para 60%.
Jundiaí registrou aumento de 70% nos atendimentos a pessoas com sintomas de gripe nos três últimos dias. Enquanto a média da semana passada foi de 400 pessoas por dia, entre 20 e 22 de dezembro, a média superou 700 pessoas.
"Para acelerar o atendimento, Jundiaí ampliou em 30% os equipamentos dedicados exclusivamente para o acolhimento aos sintomáticos gripais, com acolhimento adulto e infantil", disse em nota.
Grande SP
Em Guarulhos, na região metropolitana da capital, o surto de gripe lotou as unidades de saúde. Vídeos publicados em redes sociais mostraram pacientes deitados em gramados ou no chão na UPA do bairro Cidade Soberana e na Policlínica do Jardim Paraventi. Havia também pessoas aglomeradas em calçadas e corredores, em espera de até três horas pelo atendimento.
A prefeitura informou que houve um grande aumento de pacientes com sintomas gripais. De 1º de dezembro até o último dia 21 foram feitos 13 mil atendimentos, incluindo casos da H3N2. Esse balanço não inclui as redes estadual e privada.
Em Taboão da Serra, também na região metropolitana, moradores com sintomas de gripe reclamaram de superlotação e demora para atendimento na UPA Akira Tada, a principal da cidade. Alguns relatos dão conta de espera de até seis horas. A prefeitura informou que os atendimentos na UPA, no Pronto Socorro Municipal (PSM Antena) e no Pronto Socorro Infantil registraram aumento de 100% devido aos surtos de gripe H3N2 e do vírus respiratório VSR, que atinge crianças. Diante do aumento durante a semana, mais um médico foi contratado.
Máscara de novo
O recente surto do vírus influenza H3N2 levou a prefeitura de Ilhabela, no litoral norte, a recuar na medida que desobrigava o uso de máscara em locais abertos.
Novo decreto assinado quarta-feira pelo prefeito Toninho Colucci (PL) determina que a proteção facial é obrigatória em todos os lugares, inclusive nas praias. O uso da máscara estava liberado desde o dia 20 de novembro.
A prefeitura chegou a ser notificada pelo governo paulista devido ao descumprimento do decreto que obriga usar máscara em todo o Estado. A desobediência motivou procedimento de investigação do Ministério Público de São Paulo. No entanto, segundo o prefeito, o que o levou ao recuo foi, além do maior risco de transmissão da gripe, a variante Ômicron da covid-19, já que Ilhabela recebe turistas internacionais.