Médicos aprovam cabine de desinfecção no Rio

Pequeno túnel amarelo com um sensor de presença libera por borrifadores uma substância desinfetante batizada de Atomic 70

23 abr 2020 - 06h53
(atualizado às 07h33)

Um pequeno túnel amarelo com um sensor de presença que aciona borrifadores em seu interior e libera uma substância desinfetante batizada de Atomic 70. Aparentemente mirabolante, a nova aposta da Prefeitura do Rio contra o coronavírus é considerada válida por especialistas ouvidos pelo Estado. Está longe, porém, de substituir as medidas sanitárias básicas indicadas na prevenção à doença: higienizar as mãos, usar máscaras e praticar o distanciamento social.

Atomic 70 é um cabine para a desinfecção dos profissionais de saúde e funcionários que trabalham na linha de frente do coronavírus
Atomic 70 é um cabine para a desinfecção dos profissionais de saúde e funcionários que trabalham na linha de frente do coronavírus
Foto: Fcesar/O Fotográfico / Estadão

"Muito mais importante que isso é distribuir máscaras e álcool gel nos transportes públicos. É uma ação de marketing para conscientizar as pessoas de que há um problema de saúde pública, o que é válido, mas não sei se será efetivo", diz ao Estado Edmilson Migowski, professor de Infectologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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O Atomic 70 é produzido pela Dioxide Indústria Química, de Indaiatuba, no interior de São Paulo, e validado pela Anvisa. De acordo com a empresa, ele combate não só a covid-19, sendo eficaz contra outros tipos de vírus como o da influenza, rubéola e zika vírus. A fabricante descreve o produto como um desinfetante de alto nível com ação antimicrobiana, cujo princípio ativo é o dióxido de cloro (CLO2), destinado principalmente à área de saúde.

Antônio Flores, infectologista do ambulatório de doenças infecciosas da Secretaria de Saúde de Porto Alegre, diz que o produto é seguro e usado inclusive na descontaminação da água. "O questionamento é se essa intervenção é efetiva o suficiente para valer o custo, já que temos outras medidas (eficazes) como higienização das mãos e uso de máscaras. Mas é mais uma tentativa do poder público de tentar reduzir o contágio pelo coronavírus", diz o especialista.

A Prefeitura do Rio disse que inicialmente a fabricante do produto cedeu a cabine para testes. A fase atual é de negociações finais com o fornecedor, esclareceu. "A decretação do Estado de calamidade dispensa licitação diante da necessidade de combater com urgência a pandemia, mas toda a negociação está sendo feita com cuidado, custo-benefício, zelo ao erário público e a idoneidade determinadas por Lei", afirmou por meio de sua assessoria de imprensa.

O Estado perguntou se houve algum estudo que demonstrasse o melhor custo-benefício da medida em comparação com outras, como a distribuição de máscaras e álcool em gel. A administração municipal informou que a prioridade é a proteção ao cidadão no combate à pandemia, conciliando o melhor custo e benefício e a total transparência. A Prefeitura do Rio afirma que também distribuirá máscaras de proteção à população.

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Segundo a Prefeitura carioca, outros países, como China e Turquia, já utilizam a cabine. A adoção do mecanismo é vista como mais uma forma de combater a doença, somada a outros esforços como a desinfecção de estações de BRT, em parceria com as Forças Armadas, e áreas de comunidades realizadas pela Comlurb.

As duas primeiras cabines foram instaladas no último sábado, 19, no hospital de campanha construído no Riocentro, na zona oeste da cidade. A previsão é instalar outras cinco na Central do Brasil e em estações do metrô, das barcas e do BRT, a partir desta semana. A Prefeitura descarta que o intuito do uso das cabines seja ajudar a flexibilizar o isolamento social.

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