BRASÍLIA - A presença do presidente Jair Bolsonaro na manifestação em frente ao Quartel General do Exército contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), na tarde deste domingo, provocou um "enorme desconforto" na cúpula militar. Ao jornal O Estado de S. Paulo, oficiais-generais destacaram que não se cansam de repetir que as Forças Armadas são instituições permanentes, que servem ao Estado Brasileiro e não ao governo.
Na avaliação dos generais ouvidos, o protesto que chegou a pedir intervenção militar não poderia ter ocorrido em lugar pior. "Se a manifestação tivesse sido na Esplanada, na Praça dos Três Poderes ou em qualquer outro lugar seria mais do mesmo", observou um deles. "Mas em frente ao QG, no dia do Exército, tem uma simbologia dupla muito forte. Não foi bom porque as Forças Armadas estão cuidando apenas das suas missões constitucionais, sem interferir em questões políticas."
Eles observaram que a presença de Bolsonaro em frente ao QG teve outra gravidade simbólica. Pela Constituição, o presidente da República é também o comandante em chefe das Forças Armadas. Mesmo com cuidados para evitar críticas diretas, os generais ressaltaram que o gesto foi uma "provocação", "desnecessária" e "fora de hora".
À reportagem, os generais não esconderam o mal-estar. Afinal, Bolsonaro os deixou em "saia justa". Chefes militares não podem se pronunciar. O Estado ouviu sete oficiais-generais, sendo cinco do Exército, um da Aeronáutica e um da Marinha. Eles lembraram que o País tem uma "verdadeira guerra" a ser vencida e que não é possível gastar energia com alvos diferentes. Houve quem observasse que o presidente enfrenta "resistências", inclusive do Congresso, mas todos avaliam que a presença dele na manifestação provocou ainda mais a ira dos representantes do Executivo e do Judiciário.
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Apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, se concentram em ato diante do Comando Militar do Nordeste (CMNE), no Recife (PE)
Foto: RODRIGO BALTAR
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Ato diante do Comando Militar do Nordeste (CMNE), no Recife (PE), na manifestação denominada "Mega Carreata Nacional O Brasil Não Pode Parar"
Foto: RODRIGO BALTAR
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Ato diante do Comando Militar do Nordeste (CMNE), no Recife (PE), neste domingo, 19, dia da manifestação denominada "Mega Carreata Nacional O Brasil Não Pode Parar"
Foto: RODRIGO BALTAR
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Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro fazem manifestação na manhã deste domingo (19), na frente do Comando Militar da Amazônia (CMA), em Manaus
Foto: SANDRO PEREIRA
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Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro fazem manifestação na manhã deste domingo (19), na frente do Comando Militar da Amazônia (CMA), em Manaus
Foto: SANDRO PEREIRA
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Manifestantes que apoiam o presidente da República, Jair Bolsonaro, protestam durante carreata realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 19
Foto: NILTON FUKUDA
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Manifestantes que apoiam o presidente da República, Jair Bolsonaro, protestam durante carreata realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 19
Foto: NILTON FUKUDA
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Manifestantes que apoiam o presidente da República, Jair Bolsonaro, protestam durante carreata realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 19
Foto: NILTON FUKUDA
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Manifestantes que apoiam o presidente da República, Jair Bolsonaro, protestam durante carreata realizada na Avenida Paulista, em São Paulo, neste domingo, 19
Foto: NILTON FUKUDA
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Bolsonaro discursa, na tarde deste domingo (19), para manifestantes que protestavam a favor da intervenção militar e pelo fechamento do Congresso Nacional em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília
Foto: GABRIELA BILó
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Bolsonaro discursa, na tarde deste domingo (19), para manifestantes que protestavam a favor da intervenção militar e pelo fechamento do Congresso Nacional em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília
Foto: GABRIELA BILó
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Bolsonaro discursa, na tarde deste domingo (19), para manifestantes que protestavam a favor da intervenção militar e pelo fechamento do Congresso Nacional em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília
Foto: GABRIELA BILó
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Apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, realizam manifestação diante da unidade militar da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), na Praia Vermelha, na zona sul do Rio de Janeiro
Foto: MAGA JR
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Apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro, realizam manifestação diante da unidade militar da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), na Praia Vermelha, na zona sul do Rio de Janeiro
Foto: MAGA JR
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Um grupo de manifestantes pedem intervenção militar em frente ao Comando da 3º Região Militar, no centro histórico de Porto Alegre/RS, neste domingo (19)
Foto: José Carlos Daves
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Um grupo de manifestantes pedem intervenção militar em frente ao Comando da 3º Região Militar, no centro histórico de Porto Alegre/RS, neste domingo (19)
Foto: José Carlos Daves
Por conta da presença do presidente na manifestação, houve necessidade de reforço da guarda do QG. Isso acabou passando uma imagem que também foi considerada ruim pelos generais. Os soldados deslocados para a guarda estavam de plantão e tiveram de sair às pressas para o local da manifestação e, de certa maneira, proteger Bolsonaro da multidão.
No momento, os militares da ativa do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, sob a batuta do Ministério da Defesa, tentam focar seus trabalhos no combate à pandemia do novo coronavírus, sem emitir qualquer posicionamento político sobre as polêmicas.
A atitude do presidente, ainda segundo a análise de um dos militares, passa um sinal trocado para a sociedade. As avaliações tiveram uma dose de desabafo por parte dos generais. Eles ressaltaram passam o tempo todo tentando separar o governo do Exército, já que há sempre quem lembre da presença de militares em cargos de ministro no Palácio do Planalto.
Um general contemporizou lembrando que "não é a primeira vez" que acontece uma manifestação em frente a um quartel. Outro emendou que "as manifestações pacíficas e ordeiras são expressões legítimas da democracia". Um terceiro lembrou que podem pegar as gravações que não vão ver o presidente atacando ninguém, mas falando de liberdade e de emprego. O clima, porém, era de desconforto.