Os contágios de covid-19 no planeta superaram a marca dos 30 milhões, de acordo com o levantamento em tempo real da Universidade Johns Hopkins. O número de mortes, segundo a mesma instituição, ultrapassou os 945 mil. Enquanto a pandemia avança, países adotam lockdowns parciais e tentam retomar a 'normalidade' enquanto não há perspectiva de uma vacinação universal a curto prazo.
Nesta sexta-feira, o governo do Reino Unido advertiu que poderá retomar o confinamento na Inglaterra após observar o aumento do número de casos, com as taxas de hospitalização dobrando a cada oito dias, segundo o Ministério da Saúde.
"Queremos evitar um confinamento nacional, mas estamos preparados para fazer isso, se necessário", disse o ministro da Saúde, Matt Hancock, à rede BBC. "Estamos preparados para fazer o que for necessário, tanto para proteger vidas, quanto para proteger a economia."
De acordo com Hancock, novas restrições serão aplicadas a partir desta sexta em partes do nordeste da Inglaterra. Em várias cidades da região, que somam quase dois milhões de habitantes, ficará proibido o encontro entre pessoas que vivam em casas diferentes, e todos os locais de entretenimento terão de permanecer fechados entre 22h e 5h.
Além da Inglaterra, Israel começou a aplicar um segundo lockdown de sua população nesta sexta-feira devido ao ressurgimento da pandemia no país, que tem a maior taxa de contágio das últimas duas semanas.
O primeiro-ministro Binyamin Netanyahu alertou sobre "um aumento preocupante de infecções e pacientes gravemente doentes" para justificar o confinamento de três semanas, que coincide com o feriado judaico. Um lockdown foi imposto no final de março e levantado em maio com a diminuição das contaminações, mas na semana passada os novos casos atingiram máximas diárias de mais de 5 mil diagnósticos positivos.
A lista dos mortos - que já são 946.685 no mundo - é encabeçada pelos Estados Unidos, com 197.633. Na sequência, Brasil e Índia somam 134.935 e 84.372 mortes, respectivamente. Quanto ao número de casos, os três países também ocupam os primeiros lugares do ranking, com Brasil e Índia invertendo de posição.
Nesta semana, a Organização Mundial da Saúde alertou que o nível de transmissão da covid-19 na Europa está mais alto do que na primeira onda da pandemia, entre março e abril. A entidade se declarou preocupada com a redução do tempo de quarentena decidida ou planejada por alguns países, como a França.
Novos surtos da epidemia e a maior quantidade de testes, em comparação com a onda de março-abril, levaram o número diário de casos a algo entre 40 mil e 50 mil. Na primeira onda, o dia 1º de abril registrou o recorde de 43 mil contágios, de acordo com a OMS Europa. O novo recorde absoluto diário foi registrado em 11 de setembro, com 54 mil contágios em 24 horas.
Na Áustria, que vem apresentando números tão altos quanto no primeiro semestre, o premiê, Sebastian Kurz, admitiu nesta semana que a intensidade dos novos contágios já configura uma segunda onda. O país retomou medidas restritivas. "A partir de agora, eventos em locais fechados não poderão ter mais de 10 pessoas. Estamos diante de um crescimento exponencial de novos casos na Áustria", afirmou o premiê.
"Os números de setembro deveriam servir de alerta para todos nós na Europa, onde o número de casos é superior aos registrados em março e abril", disse o diretor da OMS no continente, Hans Kluge, que pediu atenção com a chegada do outono e com o início do ano escolar.
O governo da Grécia também adotou restrições, fechando bares de música ao vivo por 14 dias e tornando obrigatório o uso de máscaras em locais fechados - públicos e privados. Feiras e mercados abertos só poderão operar com 50% da capacidade. Além disso, diante do aumento dos contágios, Atenas e sua região metropolitana foram colocadas em alerta.
Na Espanha, a maior preocupação é com Madri, a capital que responde por quase um terço dos 122 mil novos casos registrados nas últimas duas semanas. O Ministério da Saúde alertou que a capacidade de alguns hospitais madrilenhos está perto do limite. A velocidade dos contágios também começou a afetar a capacidade de testagem. Na Espanha, 13% dos testes têm resultado positivo. Em Madri, o índice de positividade chega a 22%.
Olivier Véran, ministro da Saúde da França, incluiu na quinta as cidades de Lyon e Nice na lista de "zonas vermelhas" do país. O país agora tem 28 departamentos em estado crítico, entre eles Paris, Marselha, Bordeaux e Guadalupe, ilha francesa no Caribe. "Peço que, especialmente nas regiões mencionadas, os esforços sejam redobrados e para reduzir o número de encontros entre as pessoas", afirmou.